Plano de recuperação da Oi chega a fornecedores; cenário pode melhorar em 2016, sinaliza empresa

O plano de recuperação montado pela Oi no segundo semestre do ano passado, após a saída de Zeinal Bava e a entrada de Bayard Gontijo no comando da companhia, começará a ter os efeitos mais claros a partir do primeiro semestre deste ano. O plano tem como principal característica o corte de custos e a recuperação de caixa da empresa.

Notícias relacionadas
Este noticiário conversou com fontes da Oi e do mercado para avaliar o cenário enfrentado hoje pela empresa, quase seis meses depois da troca de comando e do novo plano estratégico. Uma importante etapa do plano, que consistia em uma negociação junto aos principais fornecedores, foi encaminhada no começo desse mês, durante o Mobile World Congress, em Barcelona.

A Oi sinalizou aos seus fornecedores que, apesar do momento de corte de custos pelo qual a companhia está passando, as perspectivas para 2016 podem ser bem melhores, sobretudo em função dos investimentos que poderão ser feitos a partir dos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) a serem celebrados com a Anatel. Esses TACs estão sendo negociados com a agência e devem ser fechados até outubro, para serem implementados a partir do próximo ano. Em abril a Oi entrega os projetos. A Oi, contudo, não quer criar expectativas demasiadas em função dos TACs, apesar dos valores bilionários de multas que estão sendo negociados. Isso porque os planos de investimentos durarão até quatro anos e precisam caber na previsão de fluxo de caixa da empresa. Ou seja, não é simplesmente trocar o valor das multas por investimentos adicionais. A conta é mais complexa, mas certamente haverá mais projetos de infraestrutura, o que é bom para os fornecedores. De qualquer maneira, a empresa ainda não fechou valores e nem tem dado nenhuma referência nesse sentido aos fornecedores, mas recebeu a sinalização de que eles apoiarão a Oi agora na expectativa de dias melhores com os TACs.

No começo deste ano, outras duas partes importantes do plano de recuperação foram concretizadas. Com os credores, a Oi conseguiu um alívio dos "covenants", ou compromissos de manter seus índices de endividamento dentro de determinados parâmetros. Com a venda dos ativos da Portugal Telecom e aumento do endividamento decorrente do calote da Rioforte, seria impossível manter o patamar exigidos pelos credores. O alívio negociado vai até março de 2016.

Alívio

A venda dos ativos em Portugal também traz para a Oi um alívio de alguns anos no caixa da companhia, segundo analistas. Os 7 bilhões de euros pagos pela Altice pelos ativos e assinantes portugueses deve entrar em caixa em maio, se não houver nenhuma surpresa na aprovação regulatória em curso. Não há nenhum plano imediato de destinação desses recursos, e dificilmente algum movimento de consolidação será feito esse ano. Esse, aliás, é um projeto que deixou de ser prioridade no curto prazo e que só voltará ao topo da pauta se houver algum fato excepcional, mas pode ganhar fôlego a partir de 2016.

Hoje, a frente de negociações mais complexa da Oi é em Brasília. São várias as missões, desde os TACs com a Anatel, passando pelo debate sobre a renovação da concessão e do modelo de bens reversíveis até a possibilidade de conseguir, junto ao Judiciário e ao Ministério Público, a liberação de depósitos judiciais em ações na Justiça, trocando por outro tipo de garantia, como imóveis e fianças. A Oi tem hoje, em balanço, mais de R$ 13 bilhões em depósitos judiciais, que vão desde questões trabalhistas e tributárias até contestação de multas e as ações resultantes dos planos de expansão do Sistema Telebras. Trata-se de uma negociação complexa e sem garantia de sucesso, mas que pode trazer um grande alívio de caixa. A boa notícia para a companhia é que, apesar das várias frentes, parece haver um entendimento dentro do governo que a situação de curto e médio prazo da Oi está equacionada, ainda que Anatel e Ministério das Comunicações ainda acompanhem de perto a situação da empresa.

Ruim para todos

Já o cenário econômico deteriorado em 2015 é ruim para todas as empresas prestadoras de serviços de telecomunicações, mas isso pode ser bom para a Oi, por outro lado. Segundo a leitura de executivos da empresa, a crise afeta o mercado como um todo, o que faz com que a Oi não precise enfrentar estratégias agressivas e "irracionais" por parte de seus concorrentes, o que seria ruim em um cenário de restrição de gastos. Esse mês a Oi publica o balanço de 2014, quando será possível constatar se, na prática, o plano estratégico está dando resultados.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!