Por enquanto, 5G standalone não seria muito melhor no Brasil, afirma analista da OpenSignal

A exigência do Release 16 e, consequentemente, o padrão standalone para o 5G na proposta da Anatel ainda não tem precedentes em outros países. A implantação em maior escala da T-Mobile nos Estados Unidos resultou em um estudo da companhia de análise de redes móveis OpenSignal, mas o escopo é diferente porque a operadora norte-americana já conta com uma rede legada em 4G e mesmo no 5G em non-standalone (NSA). O estudo aponta, contudo, um desempenho melhor da rede 5G SA. Mas ara o analista técnico sênior da empresa e autor do levantamento, Francesco Rizatto, é preciso encontrar um equilíbrio entre investimento na nova tecnologia e entendimento de como o mercado está se movendo. Até porque é um processo de maturidade leva tempo. 

"Pensando no Brasil, mesmo que o leilão aconteça agora e a frequência [de 3,5 GHz] seja disponibilizada daqui a um ano, não necessariamente o SA seria muito melhor para os usuários comparado ao NSA, justamente porque tem essas especificações adotadas pela operadora, fabricante e dispositivos. É um processo muito mais lento do que pensamos", diz.

Conforme explicou ao TELETIME, mesmo nos mercados desenvolvidos haverá um ritmo gradual de evolução da tecnologia. "A grande coisa que eu estou apontando é que se leva tempo para implantar o SA. Prevemos que sejam meses, se não for anos, para que usuários vejam o real benefício, com latência abaixo de 10 ms e velocidades de centenas de megabits", destacou.

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A implantação do 5G SA na T-Mobile foi feita de forma gradual – a rede foi lançada apenas em agosto do ano passado, poucos meses após a aprovação do padrão no 3GPP. "Os EUA lançou o SA depois, não era algo que poderia ser implantado rápido, precisa de muito investimento, tanto no lado do acesso como na construção da rede de core. É algo que leva tempo para ser implantado, e vem junto com as especificações", observa.  "O standalone não é algo que pode ser implantado em um minuto."

Cada caso

Rizatto é cauteloso ao não escolher uma rota melhor entre a adoção do padrão ou uma implantação com cadência mais lenta. "É questão de entender como as coisas estão se movendo pelos mercados. Um exemplo de operadoras movendo diretamente para SA é em Cingapura, mas lá é um mercado totalmente diferente, é praticamente uma cidade. Construir infraestrutura de core e investir em cidades será muito mais fácil do que uma implantação em um país do tamanho do Brasil." Teria de se pesar também o contexto de investimentos, como fluxo de caixa disponível, e onde a empresa se encontra financeiramente. 

O caso da T-Mobile ainda é distante do brasileiro ao se considerar que a empresa ainda está fortemente ancorada no 4G para os serviços de 5G, seja na tecnologia NSA, seja no handover das chamadas de voz. Até porque os dispositivos só passaram a ser compatíveis com o standalone ao longo de 2020, o que significa um ecossistema geral que ainda precisa do LTE. "Por isso não se enxerga a melhor experiência, dobrando a velocidade do 5G NSA para o SA", compara. 

"Neste caso, se você perguntar hoje o que é melhor para o usuário, não é uma resposta necessariamente tão clara. Na média, o NSA ainda é melhor, mas porque a especificação ainda está sendo implantada, e há tecnicalidades", explica o analista da OpenSignal. O levantamento da empresa apontou que a velocidade da rede SA da T-Mobile é inferior à da não standalone, pois o foco da empresa foi na expansão da cobertura com a faixa de 600 MHz, e há menor capacidade de espectro na faixa escolhida para a nova tecnologia. E a estratégia da operadora norte-americana é no sentido de aumentar a cobertura primeiro. Por outro lado, o estudo realizado pela OpenSignal analisando a implantação da rede da T-Mobile mostra que houve uma melhoria significativa na latência dos serviços e na disponibilidade rural.

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