O Open Gateway, iniciativa global que visa padronizar e facilitar o uso de APIs de telecomunicações, completou um ano de lançamento no Brasil em novembro com números expressivos. A Infobip, que atua na implementação do projeto no País, atualmente processa 8 milhões de verificações SIM Swap (troca de chip) por mês no Brasil – o maior volume de transações entre todos os países onde a companhia opera.
Diretor de parcerias com operadoras da Infobip, Alex Pereira contou em entrevista ao TELETIME que o Brasil é responsável por cerca de 70% a 75% das transações globais das APIs do Open Gateway pela Infobip. "Nós somos, disparados, o País que mais tem transações comerciais de APIs Open Gateway no mundo", afirma. Outros países (como Alemanha, Espanha e Indonésia) também estão avançando na implementação do projeto, mas o Brasil se mantém à frente.
Pereira afirmou que esse número reflete a adesão crescente de empresas que buscam soluções de segurança e otimização de serviços, principalmente em setores como o financeiro (incluindo fintechs) e e-commerce. "De um ano para cá, o que mudou foi o conhecimento de mercado. Todo mundo ficou sabendo", disse. Segundo ele, a notoriedade do projeto foi essencial para impulsionar a demanda e gerar casos reais de uso.
Em julho, TELETIME entrevistou o country manager da Infobip, Caio Borges. Na época, ele disse que o varejo seria seria outro setor que impulsionaria ainda mais a tecnologia no País. Três meses depois, o setor financeiro segue como o principal usuário das APIs do Open Gateway: bancos e fintechs estão à frente na adoção de soluções como SIM Swap e Number Verify.
Mas Alex Pereira aponta que setores como e-commerce e grandes prestadoras de serviços over-the-top (OTTs), como o TikTok, também têm mostrado interesse crescente nas funcionalidades.
Aplicativos de entrega de comida e o setor de entretenimento, que incluem plataformas de streaming e mobilidade urbana, também surgem como promissores para a expansão do Open Gateway.
Com novas funcionalidades previstas para 2025 e a liderança global no número de transações, o mercado brasileiro é visto como tendo potencial para expandir ainda mais o uso das APIs nos próximos anos. "O desafio agora é entender o que o mercado precisa para que possamos entregar o máximo de valor com essas soluções", finalizou Alex Pereira.
Expectativas
Para o próximo ano, a Infobip aposta no lançamento de novas APIs no Brasil, como Device Location e Quality on Demand, além do aprimoramento das soluções já existentes, como SIM Swap e Number Verify.
A promessa é de que a API Device Location reforce a segurança por meio da localização do usuário baseada na rede móvel, e não no GPS, que pode ser fraudado. Por meio dela, será possível detectar e bloquear transações suspeitas com base na localização do titular do cartão, mitigando riscos de fraude – conforme explicou Alex Pereira.
Além disso, há expectativa para o crescimento do Quality on Demand (QoD), que pode transformar a experiência do consumidor em cenários de grande demanda de rede. "Imagine que, quem assina um streaming premium vai poder ter uma qualidade garantida no metrô ou no ônibus, tendo uma qualidade melhor para assistir seus programas", exemplifica o diretor.
"Outro exemplo seria com Uber durante um jogo de futebol com 50 mil pessoas saindo ao mesmo tempo. Quem estivesse com assinatura premium no app poderia ter uma qualidade melhor de rede, para garantir que consiga chamar uma corrida. Ou seja, cada API vai ter um caminho de expansão", afirmou o diretor.
Além disso, Alex Pereira acredita que o mercado brasileiro deve continuar a expandir o uso das APIs Open Gateway em um "efeito cascata", com empresas adotando a tecnologia pela influência de outras que já utilizam as soluções.
Desafios
Apesar do crescimento acelerado do Open Gateway, essa tecnologia ainda está longe de alcançar todo o potencial no Brasil. Segundo Pereira, para que isso aconteça, é necessário que haja um "entendimento" claro do mercado sobre demandas e necessidades que esses agentes econômicos possuem.
"O desenvolvimento de novas APIs demanda um investimento significativo das operadoras. Quanto antes soubermos quais APIs o mercado tem interesse, mais rápido a gente consegue trazer valor para elas", apontou o diretor.
Hoje, o Open Gateway trabalha com cerca de 100 APIs disponíveis, que atendem a diferentes casos de uso. Segundo Pereira, o desafio também é que as empresas interessadas entendam o portfólio completo e direcionem as demandas que elas têm, em vez de esperar que as operadoras "adivinhem" o que o mercado deseja.