Redes privadas trazem oportunidades de parcerias entre utilities e teles

Há possibilidades de parcerias entre operadoras de telecomunicações e companhias de energia elétrica nas redes privadas (SLP) para Internet das Coisas, sobretudo no 5G. Conforme apontaram especialistas durante painel do evento da UTC América Latina, o UTCAL Summit Online, nesta sexta-feira, 18, já há tecnologia disponível. Trata-se apenas de abraçar oportunidade de estabelecer modelos de negócio, incluindo ganhos de eficiência. 

Conforme comenta o pesquisador especialista em telecomunicações do CPQD, Gustavo Correa Lima, os casos de uso de redes privadas tem basicamente dois tipos de proposta: com ambiente isolado e espectro próprio ou em colaboração com operadoras, seja com compartilhamento da rede de acesso, ao core de rede (mas com dados protegidos internamente) ou com operação total das teles. Neste último caso, há a possibilidade de fatiamento de rede (network slicing) com a chegada do 5G, embora seja possível também no 4G. 

A TIM defende que o setor de telecomunicações é o ideal para administrar as redes privadas, com base na própria experiência de operação. "Dessa forma, [a utility] não há necessidade de montar gateways, e pode reduzir Opex. O core business do setor elétrico é a energia, e o de telecomunicações é telecom", afirmou o diretor de soluções corporativas da tele, Paulo Humberto. 

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Diretor de soluções corporativas da TIM, Paulo Humberto

Para tanto, a TIM já atua com LTE em 700 MHz e 1.800 MHz e sua plataforma de NB-IoT, prometendo estar "totalmente pronto e preparado" para a evolução para o 5G, mas já trazendo benefícios como baixo consumo de energia. No setor elétrico, em particular, Humberto diz haver custo do medidor inteligente, já homologado pela Anatel e Inmetro, comparável ao tradicional. Cita ainda que os projetos são "à prova de futuro e sem vendor lock-in", referindo-se a ecossistema fechado de fornecedores. 

Parcerias

Da mesma forma, a American Tower (ATC) atua com uma rede neutra para IoT com a tecnologia LoRaWAN, aproveitando-se da própria infraestrutura. A companhia tem no Brasil 19 mil sites, o que afirma ser equivalente a 35% de participação de mercado de torres, com as maiores operadoras como principais clientes. 

Conforme explica o diretor de novos negócios & IoT da ATC, Daniel Laper, a atuação das redes de IoT não devem ter um tamanho universal, mas sim uma solução para cada situação. Além disso, a parceria com players de operação local fazem a diferença. "Eles conhecem os desafios locais, cobram em reais e falam em português, o que muitas vezes conta muito", afirma. 

Laper afirma haver também um amplo ecossistema, com mais de 60 soluções de parceiros fim a fim na cadeia de valor, incluindo sensores inteligentes novos e "retrofit" (que funcionam em medidores antigos). "Hoje não dá para dizer que a tecnologia é restrição para casos de IoT."

"Estamos vendo inovações que estão tornando o modelo de monetização mais barato", diz Gustavo Lima, do CPQD. Isso porque o 5G trará inovações e demanda para parcerias entre os setores de telecom e energético. 

"A questão de confiabilidade é crítica para utilities", diz Lima. "O isolamento da rede e o nível de segurança cibernética é muito grande, além do uso massivo de terminais. Isso tem impacto com disponibilidade de espectro e trabalhar junto com operadoras para fazer caso a caso"

Internacional

Tipos de instalação de antenas em postes da CPS Energy

O diretor e senior counsel da companhia elétrica norte-americana CPS Energy, Gabriel Garcia, afirma que a saída para as utilities é trabalhar próximo da indústria móvel. "Eles são stakeholders e clientes", destacou. A empresa promove workshops trimestrais com os parceiros para desenvolver trabalho de campo, incluindo cuidados e protocolos de segurança com a rede elétrica. 

Ele também lembra que a demanda acontece também no fluxo oposto. "Com a tecnologia 5G, há mais demanda do que nunca para acessos aos nossos postes. Não são apenas small cells, mas também backhaul de fibra", afirma. Para tanto, a CPS tem um processo de pré-certificação, que inclui requisição de instalação de um "mock-up" nas redes para se ter dimensão do impacto no mobiliário urbano.

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