Demanda inesperada pelo 3G gera problemas na telefonia móvel

Desde o início do ano, clientes da telefonia móvel têm sofrido com falhas recorrentes na operação do serviço. A culpa por estes problemas seria do início da oferta dos serviços de terceira geração (3G) e da procura fortíssima de clientes pela banda larga móvel. A constatação foi feita pela área técnica da Anatel e comunicada nesta sexta-feira, 18, ao Conselho Consultivo da agência reguladora. "O avanço do 3G foi acima de todas as expectativas, inclusive da nossa", declarou o superintendente de Serviços Privados, Jarbas Valente.
Essa demanda surpreendente não está limitada apenas a compra da banda larga móvel. O consumidor brasileiro também estaria fora da média mundial com relação ao tráfego de dados usando as tecnologias 3G. Segundo Valente, a média dos outros países é de uma demanda que vai de 1 a 2 Gb por usuário por mês. No entanto, o Brasil estaria com um tráfego individual na casa dos 8 Gb por mês. "É uma demanda muito maior do que a do resto do mundo. Se tivesse só a demanda de 2 Gb estava ótimo", comentou Jarbas.
Esse volume de tráfego está afetando também os serviços de voz móvel, segundo o superintendente, na medida em que a rede está sobrecarregada. Assim, registros de "erro de conexão", falta de sinal e quedas nas chamadas, que se tornaram comuns em diversas capitais, estariam sendo provocados pelo forte tráfego gerado pelo 3G nas estações rádio-base (ERB).

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Plano de R$ 5 bilhões
Os problemas no tráfego teriam sido constatados pela Anatel há aproximadamente seis meses. Já nesta época, a agência criou dois grupos para negociação de soluções com as empresas, um de cunho técnico e outro estratégico. Uma ação espontânea tomada pelas operadoras foi a suspensão da publicidade dos modens 3G, como forma de conter em parte o avanço da procura pelos serviços de banda larga. Além disso, cada operadora deverá implementar planos de expansão da rede para suportar a demanda por dados.
Parte dos investimentos já estaria sendo feita, de acordo com Jarbas Valente. A estimativa da Superintendência de Serviços Privados (SPV) é que a planta de ERBs do Brasil, estimada em 46 mil, já tenha sido ampliada em cerca de 10% até o momento. Mas os investimentos devem continuar e o volume de recursos necessário para resolver os problemas não é pequeno.
Valente projeta que cada operadora deve ter que fazer um investimento médio de R$ 1 bilhão para o reforço de capacidade de sua infraestrutura. Com isso, o setor de telefonia móvel pode ter que desembolsar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões a mais do que os investimentos previstos para colocar a oferta do 3G nos trilhos. Os problemas de voz estariam localizados na comutação, exigindo expansão nas centrais e nos backbones das empresas.
Banda Ka, Ku e C
Da parte da Anatel, há um planejamento para licitar novas licenças de exploração nas bandas Ka, Ku e C, consideradas de alta capacidade, para reforçar a transmissão de dados via satélite. A medida é necessária porque muitas localidades, especialmente em áreas rurais, são atendidas com banda larga via satélite. E os atuais satélites podem não estar conseguindo suportar a alta demanda de dados. A nova licitação deve ser feita ainda neste ano, comunicou o superintendente.
Mesmo com a localização da necessidade de expansão e reforço das redes físicas, a Anatel também continua atenta à necessidade de ampliação de espetro para a telefonia móvel. Para Valente, é incontestável que as operadoras precisam de mais faixas de radiofrequência para dar conta da expansão dos serviços e a agência continua trabalhando para que esta demanda seja atendida.

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