Desde 2001, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) já havia sugerido formalmente aos países a criação de regras que estimulassem o mercado de redes baseadas em pacotes, a integração das redes, os serviços móveis gerais e o acesso irrestrito às redes por diferentes provedores de serviço. Mas não é apenas nessa lista detalhada pela Recomendação Y.2001 que a UIT tem se defendido com as discussões envolvendo distribuidores de conteúdos e empresas telefônicas. O chefe do escritório regional para as Américas, Juan Zavattiero, resumiu a visão favorável do organismo internacional sobre a fusão de setores em apenas uma frase. ?Hollywood pode ter o glamour, mas são as telecomunicações quem pagam a conta.?
Zavattiero diz que em todo o mundo o debate sobre convergência costuma enveredar para uma disputa pelo direito de distribuição de conteúdo, mas que este caminho claramente subestima a importância das telecomunicações no mundo dos negócios. ?Nós tendemos a glamourizar o conteúdo e subestimar o valor do core business da comunicação ponto a ponto?, avaliou o secretário em sua palestra na Conferência Nacional Preparatória das Comunicações, realizada nesta terça-feira, 18, na Câmara dos Deputados. ?O que nós percebemos é que a pessoa está mais disposta a pagar pela comunicação ponto-a-ponto do que pelo conteúdo.?
Para embasar sua tese, Zavattiero apresentou números sobre a indústria norte-americana de filmes, música, software e de telecomunicações. Enquanto a indústria hollywoodiana faturou em 2003 entre US$ 25 e 30 bilhões, o ramo de telecom gerou US$ 348 bilhões apenas no mercado dos Estados Unidos. Somente com o tráfego de mensagens de texto, as teles ganharam aproximadamente US$ 75 bilhões, enquanto a música faturou US$ 35 bilhões e a venda de jogos eletrônicos e softwares gerou US$ 40 bilhões em 2003.
Política de comunicações