Após primeira rodada do processo competitivo para venda da unidade de clientes de fibra da Oi (a ClientCo), onde apenas uma oferta foi apresentada e abaixo do valor mínimo, as expectativas se viram para a segunda rodada do leilão.
Como apontou análise de TELETIME, a V.tal é vista como o destino mais provável da base de 4,3 milhões de assinantes. Mas o processo de ofertas pela ClientCo da Oi segue aberto. Em tese, interessados nos ativos ainda pode apresentar proposta até a segunda rodada, inclusive sem incluir propostas 100% em dinheiro.
A Justiça do Rio de Janeiro designou o dia 6 de agosto para retomada da audiência suspensa ontem, dia 17 de julho, mas o prazo pode ser maior a depender dos trâmites de manifestação dos credores e convocação da segunda rodada.
Na primeira rodada, Ligga, Vero e Brasil TecPar se habilitaram, mas apenas a primeira entregou proposta, de R$ 1,030 bilhão (bem abaixo dos R$ 7,3 bilhões esperados). A razão para o desinteresse do mercado seria o peso do contrato de uso de redes neutras da V.tal no futuro da operação da unidade à venda.
Assim, o processo foi suspenso para avaliação da oferta da Ligga por credores da recuperação judicial da Oi. Em caso de negativa, a segunda rodada terá como elemento um compromisso já assumido pela V.tal: o de fazer uma oferta pela unidade de clientes – juntamente com quaisquer outras propostas formuladas por demais interessados.
Neste caso, o pagamento para os credores da Oi (que passarão a ter 80% do capital da Oi após a recuperação judicial) seria na forma de equity da empresa de rede neutra e da oferta de créditos de obrigações da V.tal. Ainda não está definido se será construída uma empresa específica para este propósito, segundo apurou este noticiário. Em carta enviada à Oi em abril, os credores que firmaram acordo com a empresa de redes do BTG descreveram a operação da seguinte maneira:
"Em relação ao plano de reestruturação da Oi e o processo de marketing da ClientCo, certos credores financeiros e a V.tal chegaram a um acordo sobre os principais termos comerciais de uma oferta "fallback" para a ClientCo que incluiria, como compensação, uma combinação de capital e oferta de créditos de obrigações da V.tal, suficiente para colocar a participação acionária agregada da Oi na V.tal (sujeita a certos ajustes potenciais) em 27,5%". Vale lembrar que a venda das ações da Oi na V.tal é também uma etapa prevista no plano de recuperação judicial.
Hoje, após diluições mais recentes, a fatia da Oi na V.tal é de 17%. A operadora já chegou a precificar a participação em R$ 8 bilhões no âmbito da recuperação judicial. Isso considerou uma avaliação da V.tal em cerca de R$ 47 bilhões, mas isso foi em outra configuração de mercado e ainda antes de a V.tal ter feito empréstimos à Oi, e também antes de ter atuado como avalista nos investimentos que a Oi terá que fazer para a migração do modelo de concessão para autorização.
(Colaborou Samuel Possebon)