O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) desenvolveu um modelo estatístico para inteligência artificial (IA) que se alimenta de dados do Sistema de Medição de Tráfego Internet (SIMET) para determinar o tipo de acesso à rede, seja em instituições de ensino, estabelecimentos de saúde ou mesmo em domicílios no país.
O modelo é baseado em aprendizado de máquina, e tem a capacidade de identificar se num território há baixa prevalência, ou mesmo ausência, de uma determinada tecnologia de acesso. O foco principal tem sido examinar a existência de fibra óptica, fundamental para conexões de alta velocidade e baixa latência, permitindo ao poder público identificar localidades que necessitariam de investimentos em conectividade.
Os dados extraídos a partir do modelo de IA têm apoiado projetos e ações de diagnóstico de infraestrutura na esfera federal, que vêm sendo conduzidos pelo Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério das Comunicações, Anatel e pela Casa Civil da Presidência da República, como apontado por TELETIME.
"O SIMET tem sido amplamente usado por brasileiros para medir, com diversos parâmetros, a qualidade de sua conexão à Internet. Basicamente, nós nos apoiamos nas milhões de medições voluntárias, realizadas via medidores da família SIMET, para então, por meio de aprendizado de máquina, classificar e identificar onde há conexão por fibra óptica, rádio ou satélite, por exemplo", explica Paulo Kuester Neto, supervisor de projetos do NIC.br e um dos responsáveis pela iniciativa.
"O NIC.br possui medidores espalhados pelo País inteiro, com boa cobertura. Nosso objetivo é subsidiar com dados o setor público federal, estadual e municipal para detectar lugares onde a conectividade ainda é incipiente, ou ainda onde não é possível perceber, via inferência, se o uso das tecnologias de acesso favorece uma Internet com boa qualidade, em termos de velocidade, latência e outros parâmetros. Esse mapeamento é fundamental para subsidiar políticas públicas que visem enfrentar essas desigualdades", complementa Solimary García Hernández, analista de projetos do NIC.br, também responsável pelo desenvolvimento do modelo.
Conectividade em educação
Uma das aplicações é no monitoramento da conectividade em educação. É possível monitorar, por exemplo, quais as tecnologias de acesso nas escolas públicas do Brasil, a partir do Medidor Educação Conectada – elaborado pelo NIC.br para o Ministério da Educação – e identificar se as instituições de ensino têm uma conexão à Internet de qualidade, adequada para o uso pedagógico.
Com o modelo estatístico de IA, foi possível classificar escolas no país que possuem fibra óptica. Para aquelas em que foi detectada a ausência dessa forma de acesso, ou das que não há informações por não utilizarem o medidor, classificou-se a distância entre elas e o ponto mais próximo de fibra óptica identificado. "A partir disso, o governo consegue avaliar, em cada caso, o nível de complexidade para levar esse tipo de conexão às instituições de ensino. A fibra óptica está apenas a um quilômetro? Está a 20 quilômetros? Acima disso? São realidades diferentes que pedem ações distintas", afirma Kuester.
Milton Kaoru Kashiwakura, Diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br, destaca que a iniciativa está em linha com a atuação do NIC.br no sentido de medir a qualidade e identificar formas para a universalização dos serviços de Internet no País. "Desenvolvemos um modelo estatístico de IA que possibilitará ao poder público estudo e formulação de políticas de conectividade. Os dados provenientes dele poderão contribuir com a elaboração de um diagnóstico amplo e preciso da distribuição dos diferentes tipos de tecnologias de acesso à Internet em todo o país, ajudando a reduzir as desigualdades e promovendo a inclusão digital".
Para explicar o funcionamento do modelo de aprendizado de máquina e os detalhes de como foi desenvolvido, o NIC.br produziu um relatório metodológico, que está disponível na íntegra para download gratuito aqui. Para reforçar a metodologia, discutir os resultados e aprimorar as análises, esse trabalho contou, além do setor público, com o apoio de entidades do terceiro setor como a Mega Edu e UNICEF.
O SIMET
Com a finalidade de entender qual é a qualidade da Internet no Brasil, o Ceptro.br|NIC.br desenvolve e distribui medidores SIMET, e analisa as métricas de qualidade que são coletadas, como apoio aos consumidores, provedores e ao setor público no diagnóstico da conectividade no País, e assim subsidiar com dados a elaboração de políticas públicas de inclusão digital.
"Ao instalar e usar o medidor e permitir a geolocalização, todos se somam numa rede colaborativa de milhões de usuários, essencial para a aquisição e a análise de dados que permitam entender aspectos da qualidade de Internet, e mapear desigualdades locais. Essa missão se concretiza com ações, projetos e relatórios que são efetivos para o contínuo desenvolvimento da Internet no Brasil e que são disponibilizados a todos de maneira gratuita, em consonância com os objetivos de inovação e infraestrutura", afirma o NIC.br.