Como um dos fornecedores de conectividade para a Netflix, a Level 3 tem se mostrado abertamente a favor da empresa over-the-top (OTT) em sua luta contra os provedores de Internet (ISPs) norte-americanos e a favor da neutralidade de rede. Em mais um episódio da lavagem de roupa suja em público, a companhia de infraestrutura afirmou categoricamente que a Verizon, especificamente, poderia solucionar o problema de congestionamento de tráfego de dados de uma forma barata e simples, mas que ela se recusa a fazer isso.
Assinado pelo vice-presidente de conteúdo e mídia da Level 3, Mark Taylor, o texto publicado no blog oficial da empresa na quinta-feira, 17, afirma que o post da operadora publicado na semana passada contradiz o argumento de que falta capacidade. O executivo argumenta que o problema não é a falta de banda – que teria cerca de 65% de ociosidade –, mas o gargalo nas interconexões entre a rede do ISP e do provedor de conteúdo.
A solução seria mundana, na visão da Level 3. "De fato, poderíamos consertar esse congestionamento em cerca de cinco minutos apenas conectando mais portas de 10 Gbps nesses routers. Simples." Taylor diz que, se a razão for a falta de dinheiro para solicitar novas portas, ela mesmo poderia comprar uma para a operadora. Ele explica que as placas utilizadas para instalar novas conexões são "muito baratas, apenas alguns milhares de dólares para cada placa de 10 Gbps que suporta 5 mil streams ou mais". "Talvez eles não consigam pagar o pequeno pedaço de cabo entre nossas duas portas. Se for o caso, nós damos isso. Diabos, nós iremos até mesmo instalar isso".
A argumentação é que a fornecedora de conectividade poderia solucionar facilmente e por um custo "absolutamente trivial". Sob esse prisma, seria elucidativo comparar o preço desse investimento para desafogar a rede da Verizon em relação ao que a empresa propõe que o Netflix pague em seu "pedágio", mas os acordos comerciais não tiveram valores divulgados até o momento.
Outro problema apontado pela fornecedora é que, segundo ela, o congestionamento só acontece entre o ISP e os provedores de rede (como a própria Level 3) escolhidos pela Netflix, enquanto os outros provedores que não são usados pela OTT não contam com o mesmo problema. A companhia acusa a operadora de não querer que os clientes realmente usem todo o potencial dos serviços de banda larga. "Será que a Verizon quer extrair um pedaço de carne de seus competidores, utilizando o monopólio que tem sobre a única conexão com os usuários finais para aumentar os custos de seus competidores?"
A Level 3 diz que tem pedido à operadora norte-americana por essa medida há "muitos, muitos meses", e que outros provedores costumam fazer isso regularmente quando chega nessa necessidade. "Mas a Verizon tem recusado", aponta. "Eu posso confirmar que a Level 3 não é a parte que está se recusando a adicionar capacidade", garante.
Participação popular
Enquanto isso, nos Estados Unidos, a consulta pública realizada pela agência reguladora Federal Communications Commission (FCC) sobre neutralidade de rede já ultrapassou a marca de um milhão de contribuições. A ferramenta online da entidade chegou a ficar fora do ar e, por isso, a consulta teve o prazo estendido para até esta sexta-feira, 18. De acordo com o Washington Post, este é o regulamento com maior número de participação popular da FCC.
