Uma pesquisa encomendada pela fornecedora chinesa Huawei à Economist Intelligence Unit, braço de informação de negócios do The Economist Group, que edita a revista britânica The Economist, coloca o Brasil no 15º lugar em um ranking de globalização de tecnologia da informação e comunicações (TIC), composto por mais 19 nações. O País obteve 36,1 pontos (de 100 possíveis), ficando atrás da China, em 12º lugar e 43 pontos; Índia, em 13º e 37,6 pontos; e Peru, na 14ª colocação e 37,1 pontos.
Reino Unido, Holanda e Alemanha são os três países mais globalizados em TIC com 69,6; 60,3; e 56 pontos, respectivamente. Segundo o índice, o resultado não surpreende, visto que estes países têm uma cultura de "abraçar novas tecnologias".
Já os mercados emergentes ficaram para trás, em parte devido à falta de infraestrutura de TIC. Por exemplo, os países que compõem o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) têm grandes populações espalhadas por grandes áreas geográficas e, portanto, apresentam níveis de desenvolvimento desiguais e menor penetração das TIC em geral. No entanto, alguns desses países estão fazendo grandes esforços para melhorar. A China, por exemplo, pretende investir US$ 1,7 trilhão em indústrias estratégicas de TICs nos próximos sete anos.
Outras categorias
O relatório analisou o desenvolvimento digital dos países, de acordo com quatro categorias temáticas subjacentes ao tema principal: abertura ao mercado de TICs, abertura ao investimento estrangeiro no setor, globalização de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a força do ambiente de TIC.
De acordo com o levantamento, o Brasil está em 13º lugar nas categorias abertura ao investimento estrangeiro em TICs e globalização de P&D. Quando considerada a força do ambiente de TIC, que analisa o mercado em termos de internet, número de celulares e penetração da banda larga, bem como o uso e os gastos em TICs, o País cai para a 16ª posição, com 26,4 pontos. Já em relação à abertura para o mercado de TICs, que mede o grau que cada economia está disposta e é capaz de negociar livremente, o Brasil recua para o 17º lugar, com 39,8 pontos. Nesta categoria, a Holanda lidera a lista com 68,8 pontos.
Para Enock Godoy de Souza, professor e coordenador dos cursos de MBA em Gestão de Projetos com práticas do PMI da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP), alguns impasses justificam a colocação do Brasil no ranking, tais como a falta de mão de obra qualificada – o Brasil tem um déficit de 39,9 mil profissionais de TI – e a falta de fluência no idioma inglês, parte importante na qualificação dos profissionais.
Segundo ele, é preciso concentrar o foco no investimento em educação, com ênfase em cursos na área de exatas. "O Brasil precisa formar mais engenheiros e profissionais da área de tecnologia, mas para isso tem de haver interesse nos cursos de exatas", conclui.
Cooperação
Aproveitando a visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil por ocasião da VI Cúpula do BRICS, em Fortaleza, a Huawei assinou esta semana dois acordos de cooperação com o setor público no País.
Com o Ministério da Ciência, Tecnlogia e Inovação, a cooperação tem como objetivo promover a computação em nuvem e aplicativos para serviços eletrônicos nas áreas de saúde e educação, por exemplo. Um segundo acordo foi assinado com o Governo do Rio Grande do Sul para pesquisa e desenvolvimento na área de cidades digitais – a ideia é desenvolver uma plataforma para gestão eficiente de cidades e serviços governamentais, como saúde, transporte e energia. Esse acordo envolve ainda a Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs) e o Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Badesul).