Delegado denuncia ter sido afastado das investigações

O delegado federal Protógenes Queiroz, que tinha até esta sexta-feira, 18, para entregar seu relatório final e deixar o comando da investigação que levou à Operação Satiagraha, apresentou denúncia formal ao Ministério Público Federal (MPF), na qual alega ter sido afastado das investigações e queixa-se, principalmente, de falta de recursos humanos e materiais para a condução da investigação.
A partir da denúncia, os procuradores da República Anamara Osório Silva e Rodrigo de Grandis pediram a abertura, pelo MPF em São Paulo, de procedimento administrativo de controle externo da atividade policial para apurar se a Operação Satiagraha não teve apoio.
A representação foi distribuída ao procurador Roberto Antonio Dassié Diana, coordenador do grupo de controle externo do MPF-SP.

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"Operação abafa"

Enquanto isso, em Brasília, o governo adotou a estratégia de passar a responsabilidade ao próprio delegado, que teria solicitado seu desligamento do caso para dar seqüência a um curso na Academia Superior de Polícia. A linha assumida pelo governo incluiu a divulgação de trechos de uma reunião entre o delegado Protógenes Queiroz e a cúpula da Polícia Federal (PF). Tudo para apagar a imagem de que o Planalto teria autorizado uma "operação abafa", com a liberação para que Queiroz fosse retirado do cargo pela PF, sob eventual influência do Ministério da Justiça, o qual o órgão é ligado.
Os trechos, no entanto, contam pouco o que se passou na reunião realizada no dia 14 de julho, última segunda-feira. De um encontro com mais de três horas, a polícia divulgou menos de cinco minutos de conversa. As passagens reforçam a idéia de que Queiroz teria pedido afastamento do caso. "Eu não vou ficar presidindo, eu não pretendo presidir nenhuma investigação", afirma o delegado em um dos momentos.
No entanto, informações citadas inclusive em nota oficial da Polícia Federal divulgada no dia 16 de julho não constam em nenhuma parte dos trechos divulgados. É o caso da proposta de Queiroz para manter-se nas investigações, trabalhando apenas nos fins de semana, como forma de compatibilizar os estudos na Academia com a Operação Satiagraha. Segundo a própria PF, essa proposta foi negada pela cúpula da PF, que estabeleceu um prazo até esta sexta-feira, 18, para que o agente federal concluísse seus trabalhos.
Segundo informações oficiais do MPF, no início da semana, o Diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Roberto Troncon, já havia se comprometido a entregar ao MPF a íntegra da gravação feita na reunião ocorrida na Polícia Federal na qual foi decidida a saída de Protógenes Queiroz. A gravação será um dos elementos que poderão ser usados para instruir a apuração das denúncias.

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