O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou nesta sexta-feira, 18, requerimento convocando a presença de diretores das plataformas Google e Facebook à CPI da Covid no Senado para prestar esclarecimentos sobre o tratamento dado aos discursos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a vacina e sobre o uso da cloroquina, ambos qualificados como desinformativos – ou seja, fake news. O requerimento ainda não foi aprovado, mas o parlamentar acredita que isso acontecerá na próxima terça-feira, 22.
O senador quer que as big techs expliquem que medidas podem ser tomadas para conter a proliferação de desinformação vindas de Bolsonaro. Randolfe cita o caso do ex-presidente dos EUA Donald Trump, banido do Facebook por dois anos por violar as regras da rede social ao incentivar o ataque ao Capitólio, sede do legislativo norte-americano.
O senador Humberto Costa (PT-PE) lembrou que na quinta, 17, Bolsonaro utilizou suas redes sociais para defender a chamada imunização de rebanho, teoria contrária a todos os protocolos de saúde da Organização Mundial da Saúde e que, sem uma vacina, resulta no aumento do já elevadíssimo número de mortes no País. "O governo deliberadamente adotou uma estratégia de permitir a transmissão massiva do vírus e a contração dessa doença pelo maior número de pessoas para gerar a imunidade coletiva. Ontem, ele disse claramente [e sem provas] que a imunidade conferida pela doença é melhor que a imunidade conferida pela vacina", criticou o senador de Pernambuco.
"Bolsonaro defendeu uma ideia falsa ontem. Adquirir a doença por uma cepa não me dá garantia de imunidade de outra cepa", afirmou Humberto Costa. E prosseguiu: "Essas redes sociais têm a obrigação de em situações como essas retirar esses conteúdos falsos, que induz as pessoas a um comportamento inadequado".
Regras diferentes
O senador Randolfe Rodrigues quer que as plataformas expliquem, além das medidas que podem ser tomadas em casos como esses do presidente Jair Bolsonaro, porque nos EUA o ex-presidente Donaldo Trump teve suas redes bloqueadas, enquanto aqui no Brasil, Jair Bolsonaro segue usando seus perfis sem restrição alguma.
"Queremos saber porque dois regramentos diferentes para casos semelhantes", questionou Randolfe Rodrigues. "O presidente não pode atentar contra a ciência e contra a saúde de todos", finalizou o parlamentar.