Furukawa vê demanda por fibra crescer com projetos FTTx

Hélio Durigan, Foad Shaikhzadeh e Hiroyuki Doi da Furukawa

A estratégia da fabricante de equipamentos óticos Furukawa para manter o crescimento em 2018 tem como elemento fundamental para a composição de maior parte da receita os projetos com expansão da fibra para grandes operadoras e provedores regionais (ISPs), por sua vez guiados pela demanda cada vez maior por dados. Um começo dessa tendência já se enxergou no ano passado. Mesmo com situação delicada do cenário macroeconômico, a companhia obteve aumento de 16% na receita líquida em 2017, totalizando R$ 901 milhões, de acordo com dados da empresa divulgados nesta quarta-feira, 18. A previsão é que a receita cresça 17% em 2018.

Desse total da receita, entre 40% e 45% vieram do segmento broadband (operadoras e provedores de Internet), com 25% para exportação e 30% para canais e redes internas (LAN e data centers). Segundo o presidente da Furukawa Electric Latam e vice-presidente corporativo sênior do grupo Furukawa Electric, Foad Shaikhzadeh, foi a primeira vez que o bloco de ISPs como um todo foi maior do que de operadoras nas vendas, ainda que sejam participações equivalentes. Outros dois grupos com participações menores nas receitas são utilities/governo e rádio.

Para atender a demanda, especialmente de data centers e de provedores, a companhia inaugurou uma fábrica de conectividade e um novo centro de distribuição em Curitiba. Em torno de R$ 5 milhões foram investidos no projeto – R$ 3 milhões na infraestrutura e R$ 2 milhões no centro de distribuição.

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Shaikhzadeh confirma haver expectativa de aumento de demanda em 2018 de grandes operadoras, que têm avançado no uso de fibra tanto em projetos FTTx quanto de backhaul para 4G. No ano passado, houve uma retomada dos ISPs no Brasil. "Na América Latina cresceu como esperado, não muito, mas no Brasil, sim, explodiu." Houve ainda uma retomada de volume de vendas para data centers no final de setembro – mercado que estava parado há um ano e meio, segundo o executivo.

As grandes teles também poderão mudar o cenário. "A única operadora (grande) que investiu a valer em FTTx foi a Telefônica. A outra estava em recuperação judicial (a Oi), a TIM ainda estava focada em outras coisas no geral, e a Net não tinha essa intenção", conta. Porém, o grupo Claro Brasil pode estar mudando de ideia. "Em todas as cidades greenfield, até então, a Net era contrária de usar FTTx. E agora decidiu entrar em toda a nova cidade com fibra, porque cria infraestrutura para tudo (também para backhaul de telefonia móvel), e onde ela tem HFC, vai monetizar. Parece que ela acordou."

Há ainda o plano das teles de implantar backhaul mais robusto para LTE-Advanced e mesmo as gerações futuras. "O 5G ainda tem todas as discussões de padrões técnicos, mas a rede de fibra vai ser usada e terá cada vez mais demanda, tanto que globalmente está faltando fibra", afirma o executivo.

Investimentos

Ainda no resultado de 2017 da Furukawa, as exportações cresceram 3%, o que a empresa acredita ser conservador por conta da situação macroeconômica e do mercado de telecom na América Latina. Com novos países no Sudeste Asiático e no Norte da África sendo atendidos pela produção brasileira, a meta é que as vendas externas cheguem até 40% de participação na receita em três anos.

Para suportar isso em 2018, estão previstos R$ 43 milhões em investimento em todas as unidades da empresa (por volta de 70% são dedicados ao Brasil, enquanto Argentina tem 20% e Colômbia, 10%). O valor representa um aumento de cerca de 10% em relação ao investido em 2017. Shaikhzadeh explica que o montante total é "mais do que o dobro" do que a companhia enxerga como investimento mínimo (o valor da depreciação, que é de R$ 19 milhões). "A gente está investindo acreditando que o País vai crescer", declara.

A ideia é também tentar crescer no mercado de GPON. A Furukawa tem atualmente entre 5% e 6% de market-share nesse segmento, mas o diretor comercial Hiroyuki Doi acredita que há espaço para avançar com novas condições comerciais e de atendimento. "Estamos montando plano comercial para sermos muito mais agressivos e estarmos juntos aos clientes, oferecendo apoio técnico. Por isso temos uma meta, em breve vamos chegar a pelo menos 15% para poder começar a mostrar nossa força e penetração do mercado", diz.

* O jornalista viajou a Curitiba a convite da Furukawa.

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