A Alares apresentou resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 e do consolidado do ano passado nesta terça-feira, 18, indicando um crescimento expressivo em indicadores-chave como receita líquida, geração de caixa e desalavancagem, embora ainda registrando prejuízo anual.
Para 2025, a perspectiva é de um ano promissor, sinalizaram o CEO da Alares, Denis Ferreira, e o CFO, Danilo Donati Perez, em entrevista exclusiva ao TELETIME. A empresa aposta na continuidade de tendências positivas vistas ao longo do ano passado, inclusive dentro do processo de consolidação de empresas na banda larga.
Em 2024, a receita líquida anual da Alares cresceu 33% e alcançou R$ 754 milhões, impulsionada por fatores como a captura de sinergias após aquisições recentes. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em R$ 338 milhões, crescimento de 78% em um ano. E a margem Ebitda chegou a 45%, um aumento de 11,5 pontos percentuais.
"Integramos a empresa de uma forma muito eficiente e em 2024 já tivemos um nível de captura de eficiência e resultados de negócios bem expressivo. Veremos uma continuidade disso em 2025", afirmou Ferreira. Para ele, a performance mesmo em um mercado altamente competitivo permitirá que a empresa siga como uma "plataforma consolidadora muito relevante".
A companhia destacou também uma redução de 36% no prejuízo anual, que ainda assim somou R$ 100 milhões no ano – sendo R$ 12,8 milhões referentes ao último trimestre.
"O mais importante é a tendência, que tem reduzido trimestre a cada trimestre", ponderou Perez, que além de CFO também lidera a área de relações com investidores.
Dado o peso das despesas financeiras no resultado final, a redução de alavancagem empreendida pela Alares em 2024 é vista como um aspecto importante nesta equação: a empresa encerrou o ano com relação dívida líquida/Ebitda de 3,08x, após encerrar 2023 com um múltiplo de 4,13x.
A "lição de casa" empreendida ao longo do ano passado também envolveu um alongamento da dívida da empresa, agora com cronograma de amortização com apenas R$ 35 milhões em 2025 e 94% da dívida (de cerca de R$ 1,1 bilhão) com vencimentos no longo prazo.
Outro ponto considerado relevante pelo comando da Alares foi a geração de caixa, com o indicador de Ebitda menos capex crescendo R$ 134 milhões no ano passado. O patamar foi alcançado mesmo com alta de 7,6% nos investimentos (para R$ 207 milhões); proporcionalmente, o avanço do Ebitda foi maior.
Alvos
Em 2024, a Alares realizou a maior aquisição da holding (controlada pelo fundo Grain Management) ao adquirir em julho a paulista Azza, na época com 135 mil assinantes. Com o movimento, a empresa chegou a 793 mil clientes ao fim do ano e ampliou consideravelmente a participação no estado de São Paulo, onde já tinha comprado a Webby em 2023 (a integração foi finalizada ano passado).
Segundo Ferreira, no momento a integração da Azza está 90% concluída: a parte sistêmica foi finalizada e agora estão pendentes apenas duas etapas antes da conclusão do processo (incluindo a mudança de marca). A esteira de integrações rápidas é considerada um trunfo pela Alares dado o horizonte de novas compras.
"Temos capacidade de olhar para o mercado e entender o que tem de oportunidade importante de M&A, para trazer esses ativos que tenham qualidade e acelerem os resultados", afirmou o CEO. "A gente fez uma lição de casa muito completa e agora conseguimos fazer novas aquisições e integrações muito rapidamente", completou Danilo Perez.
A Alares vê no momento um cenário onde ainda existem "muitas empresas boas no mercado" passíveis de serem adquiridas, inclusive no estado de São Paulo e mesmo em regiões onde a operadora ainda não atua.
Uma característica importante na estratégia é o apoio da controladora Grain, que tem apoiado aquisições com parte dos valores em troca de equity adicional na operadora brasileira; o fundo norte-americano especializado em telecom e TI soma participação de 96% da Alares.
Guerra de preços
Há, contudo, alguns desafios que merecem atenção. Um deles é a guerra de preços que segue afetando o mercado de banda larga, inclusive com participação ativa dos líderes de mercado na dinâmica, avalia o CEO da Alares.
"Há uma agressividade maior que parte de duas frentes: principalmente dos maiores com altíssimo market share, como Claro e Vivo, que têm usado isso (a agressividade) de forma significativa, além dos bem pequenos, que também têm claramente um posicionamento de agressividade", afirma Ferreira.
O executivo também reconhece que fatores macroeconômicos podem afetar elementos como o consumo das famílias ou a evasão (churn) de clientes na banda larga; ainda assim, há uma "resiliência" para o segmento, dada à essencialidade comprovada dos serviços de banda larga. "Nós enxergamos o ano de uma forma promissora, apesar do ambiente".