Divulgada nesta terça-feira, 18, a nova edição do Cisco Annual Internet Report estimou que o mercado brasileiro terá em 2023 cerca de 6% da base móvel composta por acessos 5G (ou aproximadamente 20 milhões de usuários). O percentual é menor que o vislumbrado pela Cisco para o mercado global, ou 11% do total daqui três anos.
Neste período, ainda segundo a projeção da Cisco, a base 4G brasileira deve seguir crescendo, passando de 53,8% dos acessos móveis em 2018 para 58,4% em 2023. "O maior desafio para o Brasil é que as operadoras estão em plena monetização do 4G. Em 2023, [o País] vai chegar no ápice do 4G. Então não faz sentido comercial substituir 4G por 5G antes de ter monetizado [a primeira], a não ser que fosse uma rede do zero", afirmou o diretor de relações governamentais da Cisco, Giuseppe Marrara. Contudo, segundo dados da Anatel, o mercado brasileiro já tinha cerca de 61% dos acessos em LTE ao final de 2019, o que já representa quase o dobro do que era previsto em 2016.
"[A implementação do 5G] vai ser paulatina, nas áreas que mais necessitam de capacidade", completou o executivo. Superadas tais etapas, a fornecedora de tecnologia vislumbra uma velocidade média de 595,5 Mbps no serviço de quinta geração até 2023.
Também até 2023, a relevância de tecnologias legadas, como 3G e antecessoras, deve passar a representar 29,6% da base total nacional, contra 46,1% em 2018, enquanto acessos para Internet das Coisas (IoT) baseados na tecnologia LPWA (Low-Power Wide-Area) devem evoluir de 0,1% para 6%. De novo, comparando com os dados mais recentes da Anatel (fornecidos pelas operadoras), a soma das tecnologias 2G e 3G no Brasil já era de cerca de 29% em dezembro de 2019.
Internet das Coisas
No total, a Cisco estima que o Brasil chegue em 2023 com 755,1 milhões de dispositivos conectadas à Internet (alta de 48%). Do montante, 45% (ou 338,9 milhões) deve envolver a comunicação M2M, voltada para módulos IoT, contra 27% representado por smartphones, 15% das smart TVs e 9% de tablets e PCs. A empresa ainda avalia que 24% de todos os dispositivos conectados suportarão usos empresariais, contra 76% na área de consumo.
Entre as verticais de IoT, a fornecedora vê a de veículos conectados como a que deve registrar crescimento mais acelerado, ou de 30% ao ano até 2023. Em seguida viriam os usos para cidades inteligentes (26%) e energia (24%). Globalmente, o número de dispositivos (de todos os tipos) conectados à rede em 2023 deve alcançar 29,3 bilhões, avalia a Cisco, sendo 14,7 bilhões voltados para IoT.
Wi-Fi
A fornecedora também destacou a relevância que o Wi-Fi deve exercer no cenário. Globalmente, a Cisco prevê 55% do total de dispositivos conectado pela tecnologia ou por cabos; no Brasil, a porcentagem seria ligeiramente maior: 56%.
A malha de hotspots públicos também deve ser ampliada consideravelmente até 2023, passando de 169 milhões em todo o mundo para 628 milhões. De acordo com a Cisco, até lá, 11% dos aparelhos já devem operar no padrão Wi-Fi 6.
No Brasil, o movimento seria semelhante, com crescimento de 4,6 milhões de hotspots de Wi-Fi públicos em 2018 para 23,8 milhões (a conta também inclui "homespots", ou seja, roteadores domésticos que também fornecem redes públicas). O relatório também sustenta que a velocidade média do Wi-Fi brasileiro passará de 10,6 Mbps em 2018 para 31 Mbps em 2023.
"A Anatel lançou potencial edital do 5G para consulta pública, mas tão importante quanto é entrar na discussão da destinação do 6 GHz para o Wi-Fi", defendeu Marrara, retomando um pleito já abordado pela Cisco em outras ocasiões. "Um dos grandes gargalos atuais é que o espectro não licenciado já está extremamente saturado, causando perda de qualidade e de largura de banda".
Dados gerais
De modo geral, serão 199,8 milhões os usuários de Internet no Brasil até 2023, ou 92% da população, contra 78% em 2018, avalia a Cisco. Desta vez, a projeção é mais otimista do que dados da pesquisa TIC Domicílios, do Cetic.br, que dizia que em 2018 a penetração da Internet no País era de 70%.
A Cisco estima que os usuários móveis devem alcançar 181,1 milhões (84% da população) frente 81% na época da coleta dos dados. Globalmente, a estimativa é de 5,7 bilhões de usuários móveis e 5,3 bilhões de usuários da Internet daqui três anos. (Colaborou Bruno do Amaral)