A implementação da tecnologia 5G dentro dos prazos firmados no leilão entre operadoras e governo é um fator que permitirá ao setor industrial brasileiro avançar na evolução permitidas pelas aplicações da indústria 4.0. Ou seja: quanto mais rápido o Brasil tiver o 5G implantando, melhor para a indústria nacional.
Essa é a avaliação da gerente de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Samantha Cunha. Ao TELETIME, Cunha disse que há países que estão com seu setor industrial avançando para a indústria 4.0, pois já possuem alguns benefícios que o 5G permite para o setor, como o uso de inovações tecnológicas que as colocam no patamar da indústria 4.0.
"É a partir dessas inovações que teremos como otimizar uso de energia, customizar produtos, otimização de processos, capacidade de monitoramento remoto etc. Essas tecnologias permitirão o crescimento da indústria. Hoje já temos alguns países usando tecnologias digitais para otimizar a indústria com a chegada do 5G. Essa é a chance da indústria brasileira recuperar sua competitividade mundial", afirmou a representante da CNI.
Patentes
Um outro aspecto importante para o desenvolvimento de inovações da indústria 4.0 é uma política de compartilhamento de maneira justa das chamadas patentes essenciais. São elas, por exemplo, que permitem a um inventor utilizar na sua invenção sistemas e equipamentos já padronizados para serem usados no 5G.
"As patentes essenciais dizem respeito aos padrões tecnológicos discutidos internacionalmente, diz respeito à permitir que arquivos diferentes tenham interação, precisamos dessa garantia, desse fórum internacional, decidindo o melhor padrão, a qualidade, a segurança. Nesse sentido, a patente está por trás do desenvolvimento do 5G. Ela permite o desenvolvimento dessa tecnologia, que é revolucionária", afirmou Samantha Cunha.
A CNI, em conjunto com a Ericsson, elaborou uma cartilha sobre o tema. A publicação, voltada a disseminação de informações sobre 5G junto ao segmento industrial, aborda conceitos e ressalta a importância do tema para o desenvolvimento econômico do país. O material é direcionado, principalmente, aos profissionais do setor jurídico com o intuito de fornecer informações que auxiliem a compreensão do tema no âmbito dos direitos de propriedade intelectual (DPI).
Os efeitos da inovação na indústria
Uma pesquisa realizada pela CNI e pelo Instituto FSB Pesquisa em outubro de 2020 mostrou que oito em cada dez indústrias grandes e médias brasileiras inovaram em 2020 e 2021 e viram crescer sua produtividade, sua competitividade e seus resultados financeiros.
De acordo com os números do total de empresas industriais de médio e grande porte, 88% promoveram alguma inovação durante a pandemia de Covid-19, como forma de buscar soluções para a crise imposta pelo contexto sanitário.
Uma outra pesquisa divulgada pela entidade que representa o setor industrial brasileiro em janeiro de 2021 apontou que a adoção de tecnologias inovadoras que adotam requisitos da indústria 4.0 garante às empresas lucratividade, melhores perspectivas e maior capacidade de adaptação do negócio em um cenário adverso como o da pandemia de coronavírus. O cruzamento de dados de empresas que adotaram tecnologia da indústria 4.0 com as demais revela que as integrantes do primeiro grupo se saíram melhor da crise.
Entre aquelas que têm até três tecnologias integradas aos processos, 54% já registram, atualmente, um lucro igual ou maior que o período pré-pandemia. O índice cai para 47% nos negócios que ainda não se adequaram à modernidade. A lucratividade já é maior em 29% das empresas industriais que adotaram quatro ou mais tecnologias, percentual quase igual aos 28% entre quem adotou entre uma e três tecnologias e acima dos 25% entre quem não adotou nenhum recurso previsto na chamada indústria 4.0.