Oi é a operadora que mais utilizou recursos do BNDES desde 2004

[Atualizada às 17:10] O BNDES divulgou nesta sexta-feira, 18, uma relação com os 50 maiores tomadores de recursos do banco público de 2004 a 2018. Entre os dez principais clientes da instituição no período figuram a TIM (na oitava colocação, com R$ 12,142 bilhões contraídos) e a Telefônica (no nono lugar, com R$ 10,265 bilhões). As subsidiárias do grupo Oi, contudo, captaram mais recursos que as concorrentes: a Oi Móvel (12ª maior tomadora, com R$ 9,828 bilhões), Oi S.A. (43ª, com R$ 4,301 bilhões), Telemar Norte Leste (que captou R$ 2,431 bilhões entre 2010 e 2012) e Telemar Participações (com R$ 1,240 bilhão entre 2007 e 2009) somaram R$ 17,8 bilhões contraídos com a instituição de fomento.

Juntas, as três companhias (TIM, Telefônica e Oi) captaram R$ 40,207 bilhões quando considerados também os recursos para empresas Telemar. Vale notar que o grupo Claro Brasil (que controla a Claro, Embratel e Net) não aparece na lista dos maiores clientes em 15 anos, embora entre 2016 e 2018 a empresa tenha captado R$ 771 milhões. Durante muitos anos uma disputa judicial envolvendo Claro e BNDESPar, ainda remanescente das empresas adquiridas com a chegada do grupo América Móvel no Brasil, em 2004, impediu o acesso da operadora aos recursos do banco.

Os dados divulgados pelo banco não incluem operações do cartão BNDES, de pessoas físicas ou de debêntures simples. A iniciativa da divulgação foi anunciada no início da semana pelo presidente do banco, Joaquim Levy, como forma de conferir maior transparência às operações. A Petrobras lidera a lista de maiores tomadores de recursos (R$ 62,429 bilhões), seguida pela Embraer (R$ 49,3 bilhões) e Norte Energia (R$ 25,3 bilhões).

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Vale lembrar que o setor de telecomunicações divulga números consolidados de investimentos da ordem de R$ 900 bilhões a valores presentes desde 1998 (ou seja, os investimentos com recursos do BNDES de 2004 para cá representaram cerca de 4,5%). Mas há uma parte que não aparece nas contas. Sobretudo nos anos posteriores à privatização (não detalhados nas planilhas agora divulgadas pelo BNDES), o banco também fazia investimentos importantes, mas na maior parte por meio de equity nas empresas, tendo sido acionista minoritário de boa parte das empresas privatizadas e ajudado a financiar os consórcios vencedores, além de ter participado da montagem da própria privatização. A partir dos anos Lula (cujos dados foram agora detalhados pelo banco) é que o BNDES adotou a política de dar preferência ao financiamento de grandes empresas e dos chamados "campeões nacionais" por meio de empréstimos com taxas de juros subsidiadas e mais atraentes para determinados projetos.

Destaque-se também que desde 2016, a Oi passa por um processo de recuperação judicial. Como credor, o BNDES votou a favor da aprovação do plano de RJ na assembleia geral de credores em 20 de dezembro do ano passado. A decisão foi determinante para a aprovação do plano, uma vez que o banco, por ser credor único em sua classe, tinha na prática poder de veto a qualquer plano. Em 2010, o BNDES chegou a ter mais de 30% de participação na Oi, até vender parte de suas ações para a Portugal Telecom. Até o final de 2017, o banco possuía 5,73% de participação na companhia. Em agosto do ano passado, reduziu para menos de 5%.

Triênios

No triênio entre 2016-2018, no qual a Oi atravessou a RJ, a operadora não figurou entre os 50 maiores destinos de recursos do BNDES. Já a TIM aparece na 13ª colocação, com R$ 1,5 bilhão contraído, enquanto os R$ 771 milhões da Claro tornam a empresa o 26º maior cliente do banco público dentro do intervalo. Entre 2013 e 2015, apenas a TIM aparece na lista, com R$ 5,764 bilhões tomados.

De 2010 e 2012 a Telefônica acionou R$ 4,739 bilhões (8º maior montante do triênio), enquanto a TIM ficou com R$ 2,699 bilhões; neste mesmo período, Telemar Norte Leste, Oi Móvel e Oi S.A. tomaram, juntas, R$ 5,418 bilhões.

No período de 2007 até 2009, a Oi ocupou a nona posição entre os maiores clientes do BNDES, com R$ 4,387 bilhões em recursos recebidos pela Oi Móvel, além de R$ 1,240 bilhão destinados a Telemar Participações – totalizando assim R$ 5,627 bilhões. No intervalo, a Telefônica financiou R$ 4,291 bilhões.

Por último, o triênio de 2004 a 2006 teve a Oi Móvel como segunda maior tomadora, com R$ 3,938 bilhões, além de R$ 2,068 bilhões da Oi S.A, perfazendo R$ 6 bilhões nos três anos. Na ocasião, a TIM contraiu R$ 1,386 bilhão com o BNDES. (Colaboraram Bruno do Amaral e Samuel Possebon)

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