O mais novo boato no aquecido mercado de telefones celulares é o de que a Samsung estaria interessada em adquirir a canadense RIM, fabricante do BlackBerry. Os rumores apareceram em vários sites internacionais, dentre os quais Rethink Wireless, logo depois da notícia de que a RIM contratou o Goldman Sachs para assessorá-la em uma possível operação de venda. Como consequência do boato, as ações da RIM subiram quase 7%.
Análise
Nos últimos dois anos a Samsung vem aumentando a sua participação no mercado mundial de handsets. Além de se consolidar como a segunda colocada em volume de aparelhos vendidos, a sul-coreana ameaça roubar em breve a liderança da Nokia. Ao mesmo tempo, a empresa vem se fortalecendo no segmento de componentes para celulares, como chipsets e telas.
No mesmo período, a trajetória da RIM foi inversa. A empresa está vendo sua hegemonia no mercado de smartphones corporativos desaparecer diante do sucesso de modelos com os sistemas operacionais Android e iOS e da tendência de "consumerização", termo inventado para descrever a moda de executivos usarem seus terminais pessoais para trabalho, ligados aos sistemas de TI de suas companhias. Enquanto perde espaço entre clientes corporativos, as tentativas da RIM de conquistar o usuário final com modelos mais bonitos e atraentes não deu tão certo quanto o esperado. Para piorar, a fabricante não conseguiu surfar na onda dos tablets, tendo demorado a lançar o seu primeiro produto, batizado de PlayBook, cujas vendas não foram bem. Embora os dois CEOs da RIM tenham negado até bem pouco tempo a intenção de venda da companhia, parece que a pressão dos acionistas fará com que eles joguem a toalha.
Para a Samsung, a compra da RIM teria dois principais benefícios, em análise feita pelo site Rethink Wireless: 1) uma coleção relevante de patentes que serviria de munição para enfrentar os processos judiciais movidos pela Apple ao redor do mundo; 2) um pouco mais de penetração no mercado corporativo (ainda que essa participação da RIM esteja em franco declínio), área em que a Samsung nunca foi muito forte.
Se a RIM for mesmo adquirida pela Samsung, é provável que a o sistema operacional BlackBerry OS seja descontinuado. A companhia sul-coreana já trabalha com três sistemas: o Android, sua prioridade; o Windows Phone, da Microsoft; e o Bada, criado por ela mesma e que este ano deve se fundir com o Tizen, baseado em Linux. Não haveria justificativa para acrescentar mais uma plataforma, especialmente uma em viés de baixa.