A necessidade por mais redes de conexão móveis por parte dos usuários, em especial pela entrada do 5G em 2020, demandará pelo menos 1.340 MHz de espectro para suportar o crescimento do tráfego móvel na América Latina – 730 MHz acima da média atual na região, 610 MHz – segundo a ITU-R.
Mas o estudo Mobility Report da Ericsson divulgado nesta terça-feira, 17, ainda revela que as operadoras de telefonia móvel precisam – em sua maioria – de bandas de espectro de alta frequência para melhorar sua capacidade em 3G e 4G, como: AWS (faixa de 1.710 MHz a 1.755 MHz para uplink e 2.110 MHz a 2.155 MHz para downlink), 2,5 GHz e bandas baixas como o 700 MHz.
Nos seis principais mercados na América Latina – Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, México e Peru – a média de espectro licenciado é de 360 MHz, muito aquém da demanda para os próximos anos. No entanto, o Brasil se destaca com uma média de 501,5 MHz diante os outros países.
A fornecedora vê essa necessidade de novos espectros de rede como oportunidade para o setor de telecomunicações, pois haverá um "comércio de espectro" na região entre as empresas que têm banda em excesso para aquelas que precisam dar vazão à suas redes móveis.
Por outro lado, o refarming (reaproveitamento do espectro) do 2G e 3G para tecnologias mais novas de 4G (com as faixas de 1.800 MHz e 1.900 MHz, por exemplo) e o leasing de espectro podem se tornar opção às teles, uma vez que essas tecnologias vão continuar importantes para o desenvolvimento dos serviços móveis e investimentos privados. A TIM tem realizado o refarming em 1.800 MHz para adicionar mais uma portadora na sua futura rede LTE-Advanced, que já deverá agregar ainda as faixas de 2,5 GHz e 700 MHz.
Outra novidade da pesquisa aponta que, até o final de 2020, 65% das cell sites estarão conectadas às soluções de micro-ondas e que a entrada de bandas de 70 e 80 GHz de alta capacidade poderão dar 10 Gbps de capacidade em áreas urbanas e ajudar no desenvolvimento do 5G. No entanto, a Ericsson observa que essas alternativas dependerão da base de dispositivos móveis e aspectos operacionais.
Estado das redes no mundo
A pesquisa da Ericsson demonstra o atual estado das redes e sua utilização no mundo. Até 2021 mais de 90% da população mundial estará coberta por redes de banda larga móvel. O 2G, que estava com cobertura de 90% em 2014 no mundo, chegará a 95% em 2021 e deve se tornar a rede com maior alcance no mundo.
O 3G, por sua vez passará dos 65% para patamares similares de alcance global ao 2G, com 90% de cobertura pela necessidade de redes móveis e crescimento dos smartphones. E o 4G, que estava com 40% de cobertura em 2014, deve chegar aos 75% no final de 2021 com crescimento guiado pela experiência do usuário e redes mais rápidas.
Atualmente, em torno de 60% das operadoras de rede 3G suportam 5,8 Mbps ou velocidades superiores no uplink, e 22 delas implementaram o uplink para garantir velocidade acima de 12 Mbps. O 3G de 900 MHz é a principal rede do mundo (mainstream) com 100 redes comerciais em 64 países. Redes comerciais de 42 Mbps somam 95 países e instalações de redes 63 Mbps já começaram.
Por outro lado, LTE-Advanced cresce e avança pela entrada de novos dispositivos compatíveis – 3,7 mil aparelhos foram lançados até novembro de 2015. De acordo com a Ericsson, 95 operadora já lançaram opções comerciais do LTE-Advanced e 80 possuem redes Cat 6, com velocidade até 300 mbps. Além disso, instalações iniciais com Cat 11 (600 mbps) já começaram.
Futuro para as teles
Muitas dúvidas têm assombrado as companhias de telefonia móvel no futuro, principalmente com o usuário passando a consumir mais serviços de dados do que voz em seus dispositivos móveis. No entanto, a Ericsson aponta que os próximos passos para elas podem ser oferecendo serviços de qualidade para os clientes.
Como os principais diferenciais estão nos pacotes de dados, que aumentaram substancialmente frente ao uso de SMS e ligações por voz em alguns mercados, e serviços de voz sobre LTE (VoLTE), ligações por vídeo e sistema de mensagens baseado em serviços IP.