Uma das principais fornecedoras globais de redes para telecom, a Ericsson reportou resultados do terceiro trimestre marcados por queda nas receitas e por prejuízo. A companhia também projetou cenário de incertezas para 2024, apesar de sinais positivos em mercados na fase inicial do 5G.
Como um todo, o grupo reportou 64,5 bilhões de coroas suecas em faturamento no terceiro trimestre (cerca de US$ 5,9 bilhões). Na base nominal a queda em um ano foi de 5%, mas em termos orgânicos o recuo chegou a 10%.
Principal negócio do grupo, o segmento de redes recuou 16%, também em termos orgânicos, pressionado sobretudo por tombo de 60% nas vendas da América do Norte. Na divisão de cloud software e serviços houve alta de 5%, enquanto o negócio enterprise da Ericsson também cresceu, com avanço orgânico de 11% nas receitas.
Uma das principais peças da estratégia da Ericsson para o mercado corporativo é a Vonage, que também foi causa de baixa contábil de quase 31,9 bilhões de coroas suecas (US$ 2,9 bilhões) anunciada pela fornecedora na última semana.
"Desde o anúncio da nossa aquisição em 2021, ventos contrários macroeconômicos, incluindo o aumento das taxas de juros e mudanças nas tendências de demanda, impactaram significativamente a capitalização de mercado dos pares da Vonage negociados publicamente", explicou a Ericsson, ao detalhar a redução contábil do valor recuperável com a aquisição.
A baixa afetou diretamente o lucro antes de juros e impostos (EBIT) da fornecedora, negativo em 28,9 bilhões de coroas (US$ 2,65 bilhões) no terceiro trimestre. Já o prejuízo líquido ficou em US$ 2,7 bilhões (30,5 bilhões de coroas suecas), revertendo lucro de um ano antes.
Incerteza em 2024
"Consistente com o restante da nossa indústria, esperamos que a incerteza macroeconômica persista até 2024, o que afeta a capacidade de investimento dos nossos clientes", avaliou o CEO e presidente da Ericsson, Börje Ekholm, ao comentar os números.
"O mercado de redes móveis tem se mantido relativamente estável ao longo de duas décadas, mas com ciclos, e esperamos que isso continue. No entanto, o rápido crescimento dos dados móveis, impulsionado ainda mais por novos casos de uso, é o principal motivador para o mercado se recuperar para um nível mais normal", completou o executivo – ainda apontando o potencial comercial das redes 5G, apesar dos desafios de monetização.
"Estamos relativamente no início do ciclo do 5G, com 75% de todos os sites de estações-base de rádio, fora da China, ainda não atualizados com 5G de banda média. A dinâmica competitiva em nossos mercados de clientes tende a resultar em aumentos relativamente acentuados nos investimentos quando o mercado se recupera, e estamos observando alguns sinais positivos nos mercados iniciais do 5G", informou a fornecedora.
Maiores detalhes sobre a operação no Brasil não foram fornecidos; na multinacional a América Latina faz parte da mesma divisão que a Europa, onde a receita recuou 6%. Já a regional que tem Índia, Sudeste Asiático e Oceania cresceu 74% em um ano, puxado sobretudo pela primeira.
Já globalmente, a Ericsson prevê tendências similares para o quarto trimestre às vistas no terceiro, embora com normalização da margem EBIT da empresa (de 44% negativos neste balanço para expectativa de 10%). A meta de longo prazo da fornecedora é margem entre 15-18%.