O lançamento da constelação de satélites de média órbita (MEO) O3b mPower vai permitir à SES uma cobertura global com maior flexibilidade, tanto na alocação de feixes quanto na capacidade dedicada de acordo com a demanda. Por conta disso, a empresa vê uma oportunidade para atuar com diversas verticais, inclusive com as teles, para fornecer infraestrutura para o 5G no Brasil.
Entre os clientes no País, a SES tem a Claro, com quem é parceira na constelação atual da O3b. De acordo com o CEO da operadora, Steve Collar, a ideia é expandir essa relação. "A Claro é um dos nossos maiores clientes. O Brasil é um grande foco para a gente; queremos conectar lugares remotos, e isso tem sido bem sucedido", declarou, em resposta ao TELETIME durante coletiva online nesta terça-feira, 17.
"Estamos confiantes de que essa relação vai continuar com a O3b e em mais regiões, pois vamos passar dos atuais dez para 5 mil feixes por satélite", disse Collar, citando a nova constelação mPower. Além do Brasil, essa capacidade estará disponível também para outros países da América Latina.
Por meio da parceria, a Claro pode configurar o uso de mais capacidade por meio de uma interface direta com o sistema da SES. A expectativa é que isso também possa ser aplicado para outras verticais, como energia e setor financeiro.
Entre outros clientes da SES no País estão também a Oi e outras grandes empresas como a Petrobras. Da mesma forma, o governo é um elemento importante. Diretor da SES e parte do time comercial global de desenvolvimento da O3b mPower, Sandro Barros explica que o mPower poderá trazer também conectividade para redes privadas. "Com a geração anterior, tínhamos que usar gateway. Agora qualquer terminal satelital pode ser um gateway, e assim criar essas redes privadas, o que é importante para o governo", diz. A Marinha também é outro cliente potencial, com a cobertura maior em off-shore.
Fase final
O lançamento dos três primeiros satélites da O3b mPower estão previstos para o final deste ano. "Esperamos que seja entre o natal e o revéillon, e os próximos três em algum momento do primeiro trimestre de 2022", declara Steve Collar. Atualmente, a Boeing está finalizando as cargas do primeiro trio, realizando a migração para depois executar testes em laboratório.
A segunda leva da constelação deverá ter um lançamento mais otimizado, permitindo que entre em operação junto ao dos três primeiros "mais ou menos no mesmo período, no meio do ano", de acordo com Collar.
Oportunidades
Por conta disso, a empresa imagina haver oportunidades para o fornecimento de backhaul para redes móveis, especialmente com o 5G. "Eles podem ter flexibilidade para que o satélite atenda a demanda. Com o tempo e a evolução dessa demanda, a rede também aumenta", diz o executivo.
Nos cálculos da SES, quando se adiciona novos artefatos no sistema, a capacidade de rede aumenta em proporção diferente. Aumentando em 30% o número de satélites, é possível obter de 75% a 90% a mais de rede. "A vantagem da órbita média é que podemos aumentar significativamente a capacidade, dobrando ao passar de sete para 11 satélites", diz o CTO da operadora, Ruy Pinto.
A visão é que a constelação seria o "melhor dos dois mundos", quando comparado às posições orbitais mais baixas (LEO) e altas (GEO), especialmente ao prover conexão com latência mais próxima a de acessos fixos.
"Tecnicamente, se você quer ter a flexibilidade, o aspecto econômico de ter menos satélites para lançar e com menor tempo para obter receita [é característica do sistema MEO]. É como uma posição ideal, o melhor equilíbrio para nós", diz o vice-presidente sênior da Boeing Space and Launch, Jim Chilton.
Com a estratégia de MEO, a operadora não pretende competir com as ofertas de LEO globais, como da Starlink, da SpaceX. "A SES não tem interesse em particular nesse mercado de consumidor final, achamos que temos uma grande proposição para o corporativo", esclarece Steve Collar.