Microsoft acaba o namoro relâmpago com o Android

Ao decretar seu plano de reestruturação, que inclui a demissão de 18 mil funcionários (12,5 mil da recém-adquirida Nokia Devices), a Microsoft acabou também decretando a morte prematura da linha Nokia X, série de smartphones voltada ao mercado emergente, que possuía uma versão fortemente modificada do Android e havia sido introduzida em fevereiro último. Por trás disso, a companhia norte-americana tem um plano maior de mudar o foco da sua divisão de mobilidade, olhando mais para o software do que para o hardware.

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Em carta aberta, o vice-presidente da divisão de dispositivos da Microsoft e ex-presidente da Nokia, Stephen Elop, destacou a mudança de mentalidade ao falar que "os dispositivos são feitos para embarcar o melhor do trabalho digital da Microsoft e as experiências de vida digital, enquanto se valem do valor da estratégia completa da empresa."

Isso quer dizer que a empresa ficará focada em comercializar o sistema operacional Windows Phone, embora não abandone (pelo menos por enquanto) a produção de aparelhos. Em curto prazo, a Microsoft pretende direcionar os esforços para smartphones de entrada, segmento de mercado com maior crescimento até pelos mercados emergentes, como o Brasil. Com isso, o plano é extinguir imediatamente a linha Nokia X com Android, substituindo por aparelhos Lumia de baixo custo e com Windows Phone.

Elop assegura que vai continuar a vender e dar suporte à linha existente do Nokia X, que conta com quatro modelos: Nokia X, Nokia X Plus e Nokia XL, aparelhos anunciados no Mobile World Congress (MWC) em Barcelona em fevereiro deste ano e com preço de 88, 99 e 109 euros, respectivamente; além do Nokia X2, dispositivo de 99 euros e capacidade dualSIM e que foi lançado há menos de um mês.

Fracasso

Durante o anúncio do lançamento desses dispositivos em Barcelona neste ano, Elop justificou que o Android se adequava a uma estratégia para cobrir a faixa de preço abaixo dos 100 euros, além de poder atrair ecossistema de desenvolvedores locais em mercados emergentes. Pelo andar da carruagem, a linha X não obteve o resultado esperado, e o fracasso que resultou no recuo não deixa de lembrar o finado MeeGo, sistema operacional de código aberto baseado em Linux que foi anunciado em 2010 (também na MWC) em uma parceria da Nokia com a Intel, mas que foi abandonado oficialmente em 2011 para voltar os esforços ao Windows Phone. Não parece ser uma mera coincidência.

Por outro lado, dos males o menor: a estratégia de abandonar o Android faz sentido em longo prazo. O Windows Phone tem ganhado mercado, chegando a encostar no iOS em vendas no Brasil no final do ano passado. A ênfase no sistema próprio também pode ajudar a trazer maior variedade à indústria, atualmente amplamente polarizada entre as plataformas do Google e da Apple.

Integração

Para poder competir no segmento high-end, a Microsoft pretende utilizar recursos tanto do time do Windows quanto o de serviços e aplicações. "Planejamos tomar vantagem da inovação do time Windows, como o Universal Windows Apps, para continuar a enriquecer o ecossistema de aplicativos", diz Elop, indicando uma integração maior do sistema operacional móvel com a versão para tablets e desktops. Além disso, ele diz que o negócio para celulares mais baratos será dirigido com "máxima eficiência e um time menor".

Haverá integração também entre times: a Microsoft herdou uma divisão antiquada da Nokia que separava o desenvolvimento de aparelhos em Smart Devices e Mobile Phones, este último voltado a feature phones. Com a tendência de crescimento cada vez maior do mercado de smartphones, a companhia decidiu unir as duas áreas, que será dirigida por Jo Harlow com "membros-chave" de ambos os times (leia-se: menos funcionários). "Esse time será responsável pelo sucesso de nossos produtos Lumia, a transição de seletos futuros produtos Nokia X em Lumia e na operação em andamento no negócio de primeiro telefone", afirmou Elop.

O grupo norte-americano já havia feito mudanças no começo do ano em times de outros dispositivos, o que significa que haverá poucas mudanças para o tablet Surface, para o videogame Xbox e para outros produtos também. No entanto, segundo o site Recode, a Microsoft estaria fechando o Xbox Entertainment Studios, cortando cerca de 200 funcionários. Com isso, acabar-se-iam os projetos de programas e séries voltados para distribuição over-the-top (OTT). Apesar disso, a série Halo, baseada no game de sucesso e com produção do cineasta Steven Spielberg, deve continuar em produção, segundo o site.

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