Há algum tempo, a Brisanet tem se destacado como uma das prestadoras de pequeno porte (PPPs) mais bem sucedidas, o que invariavelmente tem atraído investidores que já estão de olho nesse mercado. Porém, segundo o CEO da companhia, José Roberto Nogueira, a abertura de capital ainda não é uma certeza – o que não quer dizer que isso não esteja no horizonte da empresa.
Para ele, o projeto da PPP é de continuar a crescer de forma acelerada, e para isso tem buscado financiamento com mecanismos como o de debêntures incentivadas pelo governo. "Se no futuro o modelo não for eficiente, tem que buscar outro", destacou ele nesta segunda, 17, durante evento online "Oportunidades para ISPs em 5G", organizado por TELETIME.
A oferta pública de ações (OPA, ou IPO, na sigla em inglês), que seria um plano "natural" para a operadora, poderia então vir mais para a frente, a depender do cenário. "Não tem nenhum estudo ou previsão nossa [para o IPO], então neste momento a captação de debêntures vai continuar. No futuro, se tivermos necessidade de estruturar diferente, a Brisanet é flexível e a gente escolherá o melhor caminho."
Tendências
Para a head de TMT da Delloite, Márcia Ogawa Matsubayashi, tanto o IPO quanto lançamento de debêntures, private equity e entrada de capital nacional e internacional estão sendo observados no mercado de PPPs. "O que os investidores enxergam são o mercado potencial. Existe regulação com segurança jurídica, o desenho do edital, já existe massa crítica local e já tem um amadurecimento com esses empresários. O investidor vê isso com bons olhos", argumenta.
O diferencial dos provedores regionais das grandes operadoras, afirma Ogawa, é semelhante ao de startups no mercado de tecnologia, que primeiro crescem e depois fazem a abertura de capital. "Com certeza é a agilidade de não estar preso a grandes legados, a capacidade de investimento em tecnologias mais modernas e estarem mais aptas. O investidor olha muito a taxa de crescimento", pontua.
Debêntures
A captação de R$ 500 milhões concluída na semana passada por meio de debêntures incentivadas da Brisanet, explica José Roberto Nogueira, teve como objetivo ampliar a rede de fibra no Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas. Mas ele considera que isso já seria um "pré-investimento no 5G", já que os sites precisarão estar conectados com o backhaul óptico. Até 2023, quando as PPPs poderão ter acesso à faixa de 3,5 GHz nas cidades menores, haverá um investimento mais expressivo na rede de acesso, segundo o executivo.
Nogueira diz que é possível que a empresa volte a utilizar o modelo das debêntures incentivadas. "Vamos seguir no mesmo caminho e, lá para 2023, muita coisa vai mudar. Conforme o investimento, vamos analisando o melhor caminho."
Conforme estudos da Brisanet, o custo do site por volta do segundo semestre de 2023 deverá ser de R$ 250 mil. Já com a aplicação standalone, o raio atualmente alcançado para a cobertura será de 350 metros, o que chegaria a um potencial de 5 mil habitantes.