Um ano depois, "TV paga virtual", ou OTT, ainda não decolou

Nos últimos anos algumas operadoras de TV por assinatura deram um passo mais agressivo em relação a modelos de distribuição desvinculados das plataformas tradicionais. Começou com a Dish, que lançou há pouco mais de um ano o SlingTV, com pacotes de poucos canais distribuídos pela Internet que podem ser assinados de forma independente do serviço de DTH a um custo mais baixo. Após a aprovação da compra da DirecTV pela AT&T, a maior operadora de DTH dos EUA começou a fazer algo semelhante. Mas esse é um caminho para toda a indústria? A TV por assinatura tradicional será necessariamente OTT? Essa foi uma das questões dominantes na INTX 2016, principal evento de TV por assinatura dos EUA, que acontece esta semana em Boston.

A Comcast, maior operadora de cabo dos EUA, ainda reluta em adotar esse modelo. A operadora aposta primeiro no desenvolvimento da sua base de set-tops inteligentes XFinity, mas Brian Roberts, CEO do grupo, reconheceu durante entrevista a jornalistas no evento que esta possibilidade existe, no futuro. Para Matthew Strauss, vice presidente de serviços de vídeo da Comcast Cable, está cada vez mais claro que os usuários querem todas as plataformas, mas o caminho para chegar lá ainda demora, pois o processo não é tão simples.

É um modelo viável? No caso da experiência da SlingTV, o segredo da Dish sobre os números indica que as coisas não estão indo tão bem. As estimativas variam de 600 mil a 700 mil assinantes depois de um ano, o que não tem impedido a operadora de perder base trimestre após trimestre, levantando dúvidas sobre a ideia de ter uma "operadora virtual" de TV por assinatura.

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Para a AT&T, que começa a integrar seu negócio principal à DirecTV, a transformação passa pela integração com as plataformas móveis. Para Tony Gonçalves, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da AT&T Entertainment, essa transformação está vindo dos consumidores. "Existem sinais vindo dos consumidores e quem está no mercado móvel sabe disso há algum tempo. O formato mudou. A transformação não acontece, contudo, do dia para a noite", diz.

Para ele, para que essa transformação aconteça é preciso fazer alguns ajustes de curto prazo: "Temos que olhar no curto prazo, ajustar algumas questões básicas para que o ecossistema funcione para todas as plataformas e em qualquer tecnologia, qualquer que seja o pacote", disse ele, apontando a necessidade de ajustar o conteúdo para plataformas móveis e encontrar formas melhores de rentabilizar a publicidade nos ambientes móveis.

Ben Weinberger, VP de desenvolvimento de produto da Sling TV, dá uma dica daquilo que pode estar atrapalhando o desenvolvimento do mercado de plataformas OTT de TV paga. "É certo que os assinantes continuam querendo um bom conteúdo, mas querem pagar de maneira diferente e talvez por um pouco menos de canais. O desafio é encontrar o jeito certo de vender". Para ele, na TV por assinatura tradicional você tem o controle de toda a experiência, da rede ao empacotamento, mas no mundo OTT você tem apenas uma parte do processo. "Uma das mudanças é como entregar a mesma qualidade de serviço esperada quando você não controla tudo, a rede não é sua, a caixa não é sua etc. Esse é um dos desafios", diz ele.

Para Tony Gonçalves, da AT&T, é um fato inexorável que a geração "millennials" está saindo de casa e vem para o mercado de consumo com outras prioridades. "Temos que mostrar que ter conteúdo é bom para eles. A plataforma DirecTV Mobile é uma forma de manter estas pessoas ligadas a nós em qualquer dispositivo". Mas ele acha que não é apenas um desafio de mudar a plataforma. "É preciso mudar toda a experiência, desde o tipo de conteúdo ao tipo de publicidade que fazemos nessas outras plataformas".

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