Queda na renda pesou para tornar conectividade mais cara durante pandemia

Ana Rodriguez, analista de pesquisas da A4AI. Foto: Divulgação

A constatação da pesquisa da União internacional de Telecomunicações (UIT), realizada pela Aliança pela Internet Acessível (A4AI, na sigla em inglês) e divulgada nesta quinta-feira, 17, de que a Internet está mais cara para a população mundial veio acompanhada do temor de efeitos mais duradouros. Apesar de haver uma expectativa para que os preços do acesso no mundo voltem aos níveis pré-pandemia, existe a possibilidade de que variáveis como inflação, recessão e mesmo efeitos da guerra na Europa possam evitar essa retomada. 

Em entrevista ao TELETIME, a analista de pesquisas da A4AI Ana Rodriguez, responsável pelo estudo, o principal é que as políticas públicas sejam pensadas na sustentabilidade. "Muitos países lançaram algum tipo de ajuda para os serviços de TIC, removendo impostos por um tempo ou criando subsídios, mas não foram suficientes", declarou ela. "A redução da renda pesou mais do que qualquer uma dessas medidas temporárias."

Rodriguez reitera que as mudanças promovidas por governos durante o período da pandemia de covid-19 trouxeram alívio por apenas alguns meses, o que obviamente não é sustentável e nem suficiente para disponibilizar conexão mais acessível para a população mais carente. "Nossa recomendação é ter medidas de longo prazo, especialmente em tempos de crise, mas também visando realmente reduzir os preços", reforça. 

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Leilão do 5G

Questionada sobre a política adotada pelo governo brasileiro para direcionar grande parte do valor do direito ao uso de espectro do leilão do 5G para investimentos em infraestrutura, a pesquisadora entendeu ser uma saída possível para buscar essa conectividade mais ampla e mais acessível. Ela acredita que o importante é levar essa infraestrutura também para as regiões onde não há viabilidade comercial sem incentivos de políticas públicas. 

"As áreas rurais são as mais afetadas pela falta de conectividade e onde não há serviços acessíveis", declara Rodriguez. Para ela, é necessário também criatividade para entregar o "de formas inovadoras" o serviço nessas regiões onde há dificuldades de passar infraestrutura.

Porém, Ana Rodriguez ressalta que seria mais importante no momento focar no 4G, uma vez que ainda há deficiência de cobertura desse tipo de rede no mundo. "Claro que as velocidades do 5G são ótimas, mas não é tão barato quanto o 4G, que é mais ou menos suficiente para o que as pessoas precisam [atualmente]", opina. 

A A4AI é uma entidade que busca promover o conceito de "conectividade significativa", isto é, um acesso à Internet que permita à população usufruir dos serviços de fato, com velocidade adequada e sinal estável. A pesquisa com a UIT divulgada nesta quinta-feira não tratou do assunto, mas Rodriguez relembrou que há sempre um gargalo significativo entre os números oficiais de conectividade e os que possuem acesso nesse conceito. 

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