A Cisco já está em processo de homologação junto à Anatel de pelo menos dois equipamentos de WiFi que operarão na tecnologia WiFi 6E e planeja, ainda para este semestre, o início da fabricação destes equipamentos no Brasil. Segundo Giuseppe Marrara, diretor de políticas públicas no Brasil da fabricante norte americana, a possibilidade de a Anatel voltar a avaliar a destinação da faixa de 6 GHz para aplicações não licenciadas não é motivo de preocupação, como se comentou durante o MWC 2022, realizado no começo de março, em Barcelona.
"É dever da Anatel avaliar permanentemente o uso eficiente de qualquer faixa de espectro, seja para uso não licenciado, seja para tecnologias específicas como o 5G. Nós aplaudimos desde o começo a iniciativa da Anatel de ter destinado integralmente a faixa de 6 GHz para uso não licenciado e estamos trabalhando com essa decisão, assim como outros fornecedores", diz o executivo.
Ele reconhece que talvez o ritmo de homologações de equipamentos com WiFi 6E (fato alegado pelas fontes da Anatel para uma possível revisão da decisão) tenha sido abaixo das expectativas da agência, mas voltou a ressaltar que não foi um problema no Brasil apenas. "Houve um período de grandes restrições na cadeia de semicondutores por conta da pandemia e isso atrasou alguns lançamentos em todos os países, não só aqui. Este ano veremos uma forte aceleração na oferta de equipamentos com WiFi 6E, porque é uma tecnologia essencial para aplicações indoor, seja em aplicações domésticas, redes privativas ou mesmo offload do 5G, que também teve sua implementação atrasada em vários países, como o Brasil", diz ele.
Segundo o executivo da Cisco, o tráfego WiFi deve crescer de maneira significativa nos próximos anos, e as faixas de 2,4 GHz e 5 GHz, atualmente destinadas a essa tecnologia, estão saturadas para muitas aplicações. "O espectro de 6 GHz é importante para desafogar esse tráfego. E tem ainda a perspectiva do WiFi 7, que vai utilizar canais de 320 MHz. Se a Anatel tivesse reservado apenas 500 MHz para uso não licenciado, o potencial do WiFi 7 no Brasil seria muito menor".
Marrara lembra que a Cisco é grande defensora do 5G também. "É preciso haver uma combinação de frequências e tecnologias. Uma faixa não licenciada será importante inclusive para o 5G privativo."
Perfeito o raciocínio e a argumentação da CISCO. Não tem sentido este retrocesso na faixa para o Wi-Fi 6E. Existe espaço para as duas alternativas, 5G e Wi-Fi 6E.