UIT reconhece: metas para conectar 60% da população em 2020 não serão alcançadas

A União Internacional de Telecomunicações (UIT) divulgou nesta terça, 17, durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) em Davos, Suíça, relatório da Comissão de Banda Larga em conjunto com WEF com uma atualização dos objetivos da agenda digital para 2020. O relatório concluiu o mesmo de anos anteriores: mais da metade da população mundial continua offline, e essa parcela é, em maioria, de mulheres, pobres, analfabetos e moradores de zonas rurais. Assim, apesar de falar em algumas iniciativas e continuar sugerindo medidas, a UIT já reconhece que, ao final do prazo, "uma quantidade significativa de pessoas vai permanecer desconectada, e as metas de conectividade como a Agenda da UIT 2020 não serão alcançadas".

As metas originais da UIT para 2020 estabeleciam  60% da população mundial conectada, sendo 50% em regiões em desenvolvimento e 20% nos países menos desenvolvidos. Da mesma forma, buscava-se promover o fim da desigualdade de gênero no acesso à Web: a diferença entre acessos de homens e mulheres atualmente é de 12,2% no mundo, 16,8% em países em desenvolvimento e 30,9% nos menos desenvolvidos.

Em janeiro do ano passado, a UIT estimou que o total necessário para essas metas seria de US$ 450 bilhões. Segundo estimativas da própria entidade em julho do ano passado, o ano passado encerrou com 3,5 bilhões de usuários de Internet no mundo, ou 47% da população. A grande razão para que essas pessoas ainda não estejam conectadas, diz o documento, são as desigualdades estruturais em renda e educação, além da falta de infraestrutura, conteúdo relevante e altos custos de acesso e uso.

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"Dado que soluções rurais replicáveis provavelmente não serão implantadas na escala e a um custo baixo ou gratuitas nos próximos três anos, o perfil padrão das pessoas ficarem online até 2020 inclui a população de áreas urbanas ou que já tenham alcance de infraestrutura, além de pessoas que não estão entre os muito pobres", declara o relatório. Os pontos chaves que precisam ser atacados de forma pragmática e efetiva são a relevância, acessibilidade de custo e capacidade, tudo com foco principal na população feminina.

Entre as recomendações, destacam subsídios para grupos de usuários carentes para dispositivos, equipamentos e tarifas, incluindo a redução de impostos sob serviços e de taxas de importação. Outras medidas incluem implantar acessos públicos via Wi-Fi em centros comunitários; focar em políticas para a parcela feminina da população; criação e desenvolvimento de conteúdo, serviços e aplicações locais e em idioma próprio; promover a capacitação; coletar dados mais granulares em nível desagregado; e mapear o impacto e conquistas em relação à barreira de adoção da Internet.

Conectividade pelo ar

Para conectar as áreas rurais e remotas, a UIT acredita em soluções de baixo custo e flexíveis para alcançar o maior número de pessoas possível, citando projetos como o Connectivity Lab do Facebook e o Loon, da Alphabet (Google). Cita também soluções satelitais, especialmente os de alta capacidade (HTS) e sistemas de baixa órbita não geoestacionária (NGSO), para a conectividade nessas regiões. O relatório diz que vários países utilizam satélite para este fim em planos nacionais de banda larga, citando Brasil (erroneamente, já que não houve iniciativa do tipo no PNBL), Estados Unidos e União Europeia, entre outros. Ainda assim, a entidade considera que as iniciativas para os próximos três anos utilizando essa tecnologia não são suficientes e ainda não foram realmente testadas em implantações de larga escala.

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