A União Europeia convidou o Brasil para participar de uma nova iniciativa global destinada ao mundo digital, incluindo infraestruturas de redes e 5G. Lançado no último dia 1º de dezembro, o projeto Global Gateway reúne países para desenvolver ações e projetos de investimento de até 300 bilhões de euros "que fortaleçam valores comuns de democracia, direitos humanos e estado de direito, boa governança e transparência", visando endereçar "grandes desafios da humanidade" como questões ambientais "e a transformação digital". Isso porque o bloco europeu considerou o País como uma nação com posições semelhantes ("like-minded country").
A utilização de palavras chave para traçar um perfil de aliança pela democracia traz fortes semelhanças à política de "Clean Network" adotada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e abandonada pela administração atual de Joe Biden. Assim como a política ideológica norte-americana, a Global Gateway também pretende desenvolver oportunidades para o setor privado dos estados membro da União Europeia "investir e permanecer competitivos, enquanto garantem os padrões mais altos de trabalho e ambiental, assim como sólida gestão fiscal". Ou seja: para poder competir com mercados como a China.
O convite foi feito pelo diretor geral da DG Connect (redes de comunicações, conteúdos e tecnologia) da Comissão Europeia, Roberto Viola, ao secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, no último dia 9. Dentre várias parcerias que foram "reafirmadas" no encontro, a Global Gateway foi uma das que mereceu "especial realce" no comunicado à imprensa da Comissão emitido nesta quinta-feira, 16, mas que não estava descriminada pelo comunicado da DG Connect da semana passada.
Além de Coimbra, que ainda aguarda a possibilidade de uma sabatina do Senado para assumir cadeira no Conselho Diretor da Anatel, a reunião contou com a presença do secretário de radiodifusão do MCom, Maximiliano Martinhão.
Segundo a Comissão Europeia, o projeto pretende estimular parcerias "entre iguais e com vantagens mútuas". Para tanto, os recursos europeus funcionarão como ponta-pé para investimento privado. As áreas prioritárias da agenda digital traz "infraestruturas digitais (fibra ótica, cabos submarinos, satélite, 5G), dados e inteligência artificial, supercomputação, e de uma forma mais geral a digitilização da sociedade (educação, capacitação profissional, governo digital e serviços públicos) e da economia (e.g. industria, agricultura, energia, transportes e logística)".