A TIM vê uma eventual interferência do governo sobre os fornecedores que atuam nas redes de telecomunicações como um risco de um efeito em cascata. "(Se precisamos trocar os equipamentos) existe um custo de investimentos que precisarão ser feitos, e como somos companhias abertas esses recursos precisarão ser repassados para os preços dos serviços. Com serviços mais caros, o consumidor consome menos e a arrecadação cai. Caindo a receita, investimos menos. Existe um efeito cascata, um círculo vicioso que precisa ser considerado", diz Pietro Labriola, CEO da TIM Brasil.
Ele elogiou, contudo, a mais recente reunião com o ministro Fábio Faria das Comunicações, para tratar do tema. O ministro mostrou-se disposto a entender o problema do lado das operadoras, disse Labriola. Fábio Faria chamou os CEOs das operadoras para uma conversa na semana passada quando veio a público a pressão do Palácio do Planalto para que a Huawei seja banida do 5G, gerando forte reações e manifestações públicas do setor.
Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, lembrou que a questão de equipamentos chineses vai além das redes de acesso móveis. "Há 20 anos que usamos equipamentos chineses nas nossas redes sem nenhum histórico de problema, e a presença destes fornecedores é grande nas nossas redes. Mas é uma questão que vai além. Não é só a Huawei, há outros fornecedores, como a FiberHome e a ZTE. A FiberHome tem grande presença no mercado de banda larga dos ISPs, mais de 55%", diz Capdeville. "E tem ainda o mercado corporativo", lembrou o executivo, apontando a forte presença de equipamentos de WiFi e roteadores de fornecedores chineses. "Não é só uma questão de dinheiro, mas de tempo para refazer tudo. Regular sobre o passado das redes é tirar o foco", diz ele.