Assim como outros provedores regionais de banda larga, a Desktop reduziu o ritmo de construção de redes de fibra óptica ao longo do terceiro trimestre de olho em uma maior lucratividade.
No início da semana, a operadora paulista apresentou resultados financeiros para o período de julho a setembro, abordados nesta quarta-feira, 16, em call com investidores. No trimestre, a Desktop gerou R$ 187 milhões em receita líquida (alta de 99%), R$ 95 milhões de Ebitda ajustado (salto de 140%) e lucro líquido de R$ 36 milhões.
Já as casas passadas (HPs) com fibra alcançaram 3,7 milhões, após adição de 217 mil HPs nos três meses em questão. Nos dois primeiros trimestres de 2022, a média de construção de HPs pela provedora regional era de cerca de 300 mil.
Segundo o CEO da Desktop, Denio Alves Lindo, a queda de quase 30% no ritmo de novas casas passadas foi motivada pelas incertezas com o cenário macroeconômico e por um foco em eficiência operacional e no retorno dos investimentos feitos na construção e aquisição de redes FTTH.
Lógica similar afetou a adição de clientes da Desktop, que somou 37 mil novos acessos no trimestre, para 749 mil assinantes. A desaceleração foi explicada como um "ajuste controlado sobre ritmo de crescimento", com critérios como maior valor e menor custo de aquisição de cliente sendo priorizados. Ainda assim, um ganho de market share no mercado paulista foi comemorado pela provedora.
Lucratividade
Além da ativação de clientes e de HPs, um redimensionamento de pessoal e a renegociação de contratos estão na lista de trinta medidas tomadas pela Desktop para proteger a margem de lucratividade da companhia.
Como resultado da estratégia, a margem Ebitda da provedores regional atingiu 50% no terceiro trimestre (frente 42% um ano antes); nos próximos meses, o número pode oscilar com a abertura de novas cidades em que a Desktop comprou ativos, apontou o comando da empresa.
Em agosto, a Desktop acordou a compra das paulistas Fasternet e IDC, em operações que envolvem mais de 150 mil clientes e que devem ter updates nas próximas semanas, inclusive a respeito da origem dos recursos para o posterior fechamento. A empresa afirma estar mais criteriosa em relação a novos M&As, mas ainda aponta otimismo com a entrega de crescimento inorgânico.
Endividamento
Nos nove primeiros meses de 2022, a Desktop já realizou um investimento (capex) ajustado de R$ 393 milhões.
Já em termos de endividamento, a provedora regional somou R$ 959 milhões entre dívida líquida e parcelas a prazo de aquisições. A alavancagem ao fim do terceiro trimestre ficou em 2,5x na relação entre dívida líquida/Ebitda pro forma anualizado, sendo que nesta base o indicador teve inflexão frente ao segundo trimestre (quando marcava 2,8x). Segundo a Desktop, 85% da dívida da empresa é de longo prazo.