A reunião Plenipotenciária da União Internacional de Telecomunicações (UIT), encerrada nesta sexta, 16, em Dubai, e que reuniu um número recorde de 180 países signatários, trouxe uma série de deliberações importantes sobre novos temas para além das discussões típicas de telecomunicações. Ao lado da resolução sobre o mercado de OTT, conforme pode ser lido em detalhes nesta matéria, a UIT ainda deliberou resoluções sobre Internet das Coisas, Inovação, cibersegurança e inovação, além de questões como equidade de gêneros em TICs, proteção à infância, acessibilidade e desenvolvimento de redes e padronizações em países em desenvolvimento.
IoT definida
Na questão de Internet das Coisas, a resolução aprovada fala em investimentos por parte dos Estados Membros no ambiente de IoT, cidades inteligentes e sustentáveis e suporte a comunidades para que atinjam as Metas de Desenvolvimento Sustentável. Mas é importante notar para o avanço na definição do que é Internet das Coisas. A resolução aponta para um entendimento comum de que IoT, conceitualmente, se refere à rede de dispositivos computacionais com sensores e software embarcados que permite que bilhões de objetos e dispositivos se conectem entre si, coletem informações em tempo real e enviem dados, de forma wireless, para controles centralizados. Estes sistemas centralizados gerenciam o tráfego, otimizam o uso de energia e melhoram operações e serviços urbanos, no entendimento da resolução.
Centralidade das redes 5G
No quesito de desenvolvimento de redes em países em desenvolvimento, a UIT entendeu terá papel central no desenvolvimento da economia digital e será a base para serviços como casas e edifícios conectados, cidades inteligentes, vídeo 3D, viabilização de trabalho e lazer na nuvem, serviços médicos remotos, realidade virtual e aumentada, desenvolvimento de aplicações massivas de M2M, automação industrial e carros autônomos.
Riscos cibernéticos
Nas questões de cibersegurança, a resolução vai no sentido de fortalecer o papel da UIT na construção de confiança e segurança nas TICs, tal como a promoção de uma cultura em que a segurança passe a ser vista como parte contínua e inerente às atividades de padronização. A UIT reconhece o aumento da quantidade, gravidade e diversidade das ameaças à segurança cibernética e entende que isso pode comprometer a disponibilidade, integridade e disponibilidade dos serviços e infraestrutura críticas de informação, a ponto de impactar o desenvolvimento social e econômico do países.
Inteligência Artificial fica fora
Um dos temas que foram muito discutidos durante a Plenipotenciária mas que ficou fora do conjunto de resoluções foi Inteligência Artificial. Segundo participantes da delegação brasileira, em vários debates questões referentes a IA chegaram a ser colocadas, mas o entendimento foide que não havia ainda amadurecimento sobre o tema para ser consolidado em resoluções da UIT. A própria equipe técnica da Anatel, nos trabalhos preparatórios à plenipotenciária, chegou a sugerir que o Brasil levasse uma sugestão de resolução sobre o tema, criando um grupo de trabalho, mas o conselho diretor da agênia optou por não seguir com o tema. A percepção é de que esta área tem potencial para voltar a ser discutida em outras instâncias da UIT nos próximos anos, a exemplo do que aconteceu nos último quatro anos com o tema de OTTs. Estas discussões tendem a dar massa crítica para que na próxima plenipotenciária o assunto avance em termos de deliberações gerais.