O 5G está no horizonte do grupo América Móvil, mas não necessariamente é algo que vai ocorrer em breve. O CEO da companhia mexicana (que controla a Claro Brasil), Daniel Hajj, afirmou nesta quarta, 16, em teleconferência de resultados trimestrais, que não está previsto mais dinheiro para a implantação da nova tecnologia na América Latina para 2020 pelo menos. "Não achamos que vamos aumentar o Capex por causa do 5G, não estamos com pressa em colocar a tecnologia na região", afirmou.
Sem tocar na possibilidade de leilão de frequências da Anatel no Brasil ainda em 2020, Hajj diz que o único país no qual o grupo está com previsão de lançamento é na Áustria (onde controla a Austria Telekom), em fevereiro.
Por outro lado, o executivo explica que os investimentos na melhoria da infraestrutura terrestre já são feitos de olho "para quando decidir quando lançar" a quinta geração. "O que estamos fazendo agora é virtualizar a rede, colocar mais fibra até o nó. São coisas que se usa no 5G quando decidir lançar", diz.
Há um ano, a empresa chegou a manifestar que o desejo de ser a primeira a ter soluções de 5G no mercado, preparando a rede para a evolução. Recentemente, contudo, a operadora passou a ser mais cautelosa, afirmando não haver "casos sustentáveis" que justifiquem o investimento na tecnologia. O CEO da Claro Brasil, José Félix, já havia dito que a América Móvil não havia "morrido de felicidade" com a previsão de gastos com um novo leilão em 2020, mas que se o certame ocorrer, a empresa participaria assim mesmo.
Pré e pós
Antes da chegada de uma nova tecnologia, a América Móvil ainda tem de lidar com a acirrada competição no mercado móvel brasileiro. Durante a teleconferência, Daniel Hajj explicou que entende que não há uma dinâmica de elevação de preço praticado pelas concorrentes no pós-pago. Na opinião dele, as teles têm feito "muitas promoções" que acabam compensando um crescimento no valor dos planos. "Não acho que o preço tem crescido nos competidores, mas vamos ver o que acontece no quarto trimestre."
Da mesma forma, Hajj observa que a redução da própria base do pré-pago acaba sendo compensada em outras frentes. "Assim como no México, as pessoas no Brasil estão consumindo muitos dados, dobrando a taxa de megabyte de uso. Com melhor velocidade e aparelhos, tenho certeza que as pessoas vão gastar mais", justifica. Ele também compara com o desempenho na Colômbia, onde a base pré-paga também tem caído, mas a receita móvel aumentou 5% no trimestre. Vale lembrar que a incorporação da Nextel vai permitir à Claro uma melhora sensível no mix, uma vez que a base que chegará é basicamente apenas de pós-pago.
Outro ponto levantado diz respeito a possíveis migrações de empresas e mesmo apenas de modalidade. "Estamos ganhando participação com número de portabilidade, então tem pessoas vindo de outras companhias. Mas também temos muito pré-pago migrando", diz. O executivo diz também que as pessoas estão procurando a rede, velocidade e cobertura da operadora.
Por sua vez, a estratégia da AMX na América Latina inteira de corte de custos envolve também os subsídios. Além de efetuar adições líquidas à base e renegociar planos, a companhia diz não estar subsidiando, mas tem procurado oferecer financiamento dos aparelhos. "Dá um pouco mais de lucro do que se você for direto ao subsídio. Por outro lado, o capital de giro fica alto, e tem que ter cuidado com a dívida duvidosa. Mas tem sido um negócio muito bom, e as pessoas gostam e nos dá mais espaço para lucratividade."
Fixo
A respeito do desempenho na banda larga, telefonia fixa e TV paga, Daniel Hajj diz haver uma tendência de estabilização. "Não estamos crescendo, mas estamos mantendo o ritmo e com bom market share", declara. Para ele, o investimento na infraestrutura dos serviços fixos compensam também pela estratégia de convergência com o móvel em combos. "Basicamente, um reflexo de todos esses anos de investimento está se representando em vantagem competitiva. Não é coisa de [se enxergar em] um trimestre, é mais estrutural", completa o CFO Carlos Moreno.
Ele diz ainda que a unificações de marcas no Brasil, com a incorporação da Net à Claro, tem mostrado bons resultados. "A marca Claro tem melhorado muito, a percepção das pessoas no País está muito boa", afirma.