Um dos temas de maior atenção da delegação brasileira no IBC 2024, evento de tecnologias de TV e audiovisual que aconteceu este final de semana em Amsterdam, era o desenvolvimento do 5G Broadcast, transmissão de sinais de TV aberta utilizando as especificações, frequências e equipamentos de recepção do 5G. Isso porque é bastante provável que o padrão brasileiro de TV 3.0 deverá adotar o 5G Broadcast como alternativa para as transmissões móveis, caso a tecnologia mostre o amadurecimento necessário.
Segundo vários interlocutores de governo o do mercado ouvidos por este noticiário durante o IBC 2024 é que há boas notícias e algumas ainda nem tão boas. A boa notícia é que o 5G Broadcast já mostra uma clara evolução dentro das padronizações do 3GPP e já havia várias demonstrações práticas acontecendo. A má notícia é que se esperava uma maturidade maior do ponto de vista dos handsets, mas os equipamentos utilizados nas demonstrações dependiam de algumas configurações mais específicas feitas especificamente para esse propósito, e não na forma de simples atualizações de software.
De qualquer maneira, o chipset e a antena de recepção utilizados eram os originais dos handsets, ou seja, sem a necessidade de hardware específico. Isso é considerado essencial pela radiodifusão, que entende que o 5G Broadcast tem como principal vantagem ao sistema móvel do ATSC 3.0 (que é a base do modelo de TV 3.0 a ser adotado no Brasil) justamente o fato de não precisar de nenhum receptor específico e de funcionar, em tese, em qualquer celular 5G a partir do release 17. São esperadas agora implementações comerciais previstas para acontecer em países como a Alemanha para que se feche a avaliação sobre a viabilidade do 5G Broadcast no Brasil, segundo fontes que acompanham o processo de definição do padrão brasileiro de TV digital de próxima geração.
E há ainda outras questões que precisam ser definidas. Por exemplo, quais as frequências em que o 5G Broadcast será transmitido no Brasil. Os testes realizados no evento por empresas como a Rohde & Schwarz (fabricante de transmissores, que inclusive promoveu a ida de delegados do Brasil à sua fábrica, em Munique), por exemplo, utilizavam a faixa de 600 MHz, hoje sob o controle das empresas de radiodifusão no Brasil, mas que é objeto do desejo das operadoras de telecomunicações para os futuros serviços de banda larga móvel.
Um dos caminhos em avaliação é permitir que o 5G Broadcast seja utilizado não apenas pelas emissoras de TV, mas também pelas operadoras de telecomunicações para coberturas em locais específicos, como grandes eventos, em que a transmissão no formato broadcast faz muito mais sentido do que a transmissão dos sinais de maneira individual para cada usuário.