O 5G brasileiro está alcançando massa crítica relevante em 2023, mas ainda depende de uma ampliação considerável na cobertura para alavancar casos de uso inovadores. Essa é a avaliação da fornecedora de equipamentos Ericsson, para quem investimentos na rede não podem depender da chegada de uma "killer application".
"O 5G ainda está muito focado na prestação do serviço básico, de banda larga móvel, mas as possibilidades da tecnologia são muito maiores", afirmou o CEO da Ericsson para América Latina Cone Sul, Rodrigo Dienstmann, em encontro da fabricante com jornalistas nesta quarta-feira, 16.
Na ocasião, a empresa fez um balanço da operação do 5G no Brasil, que atingiu 11 milhões de acessos em junho. A base de usuários representa 5% dos celulares do País, sendo 12% a 17% se consideradas apenas cidades com o sinal ativo, notou a fornecedora. Até o fim do ano, a perspectiva é que a penetração alcance 20 milhões de usuários, segundo o diretor de soluções de redes da Ericsson, Paulo Bernardocki.
Já a cobertura ainda não seria consistente e dependeria de franca evolução para suportar novos usos e receitas. "A cada cem lugares, se encontra sinal em oito", afirmou o executivo, contrastando estes 8% de disponibilidade com métrica que aponta 45% da população atendida – se considerados todos os habitantes de cidades com ao menos uma antena.
O próprio número de estações rádio base por 100 mil habitantes do Brasil (7) seria bem menor que o da Coreia do Sul (415), China (163), União Europeia (69), Japão (40) e Estados Unidos (30), nota a Ericsson, a partir de números do Observatório 5G da União Europeia.
Neste sentido, a ampliação da infraestrutura seria chave para maior desempenho e consistência do 5G, permitindo a oferta de novos serviços e modelos – e não o contrário. Entram na lista o acesso fixo sem fio (FWA) 5G, novas aplicações baseadas em vídeo, realidade estendida (XR), gaming e também redes privativas, além de possíveis novas ofertas baseadas em desempenho, serviços exclusivos e diferenciação.
"Não se pode esperar a chegada de uma killer application, o grande desafio é já abocanhar essas possibilidades", apontou Bernardocki. Vale recordar que a Ericsson calcula crescimento de 7% nas receitas do serviço móvel em países com a tecnologia 5G mais madura, ou com mais de 20% dos acessos.
O Brasil é um País continental que precisaria no mínimo de 1 milhão de antenas, não temos nem 300mil.