Operadoras querem monetizar 5G antes de explorar ondas milimétricas

A ativação pelas operadoras de telecom de serviços 5G nas ondas milimétricas (mmWave) de 26 GHz é um passo que será dado na medida em que a monetização dos primeiros investimentos na quinta geração ocorrer, sinalizaram Claro e TIM nesta terça-feira, 16.

Durante evento promovido pela Qualcomm na cidade de São Paulo, o CEO da área de consumo da Claro, Paulo César Teixeira, classificou o espectro de 26 GHz adquirido pela empresa como "um ativo muito importante e de muito valor", mas rechaçou o uso imediato da faixa.

"A monetização é difícil", apontou o executivo. "Não consigo dizer para meu acionista que preciso por milhares de [novos] sites sem garantir um aumento de receitas. A maturidade da tecnologia é importante", sinalizou Teixeira. As ondas milimétricas podem entregar maiores velocidades, mas têm capacidade de propagação bem menor que espectros mais baixos.

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Mesmo com o "alcance limitado e focalizado", Teixeira entende que o uso das ondas milimétricas por operadoras dos Estados Unidos tem ensinado lições à indústria e acelerado a compatibilidade de devices com a faixa. Durante o evento da Qualcomm, o executivo mencionou possíveis casos de uso focalizados em locais de grande concentração, como um estádio de futebol.

CTIO da TIM, Leonardo Capdeville também projetou o uso do mmWave em contextos mais restritos, como a cobertura de estações de metrô ou de eventos. Realizado em um hotel em São Paulo, o próprio encontro promovido pela Qualcomm contou com cobertura em ondas milimétricas fornecida pela TIM, já a partir de rede comercial.

"Para uma empresa que tem necessidade de baixa latência e alta capacidade para, por exemplo, operar um robô em uma fábrica, o mmWave talvez seja melhor que a banda C", prosseguiu Capdeville, notando que hoje uma oferta do gênero já poderia ser viabilizada.

Já no mercado de consumo, a aposta não é para o curtíssimo prazo. "Vamos começar a entender o mmWave, que vai fazer parte do nosso portfólio de expansão. É uma opção um um 'estepe' para quando começar a ter densidade de uso no 5G. Teremos essa escapatória para ter mais capacidade, mas para o mercado consumidor hoje ainda não faz sentido. As redes 5G estão sendo colocadas e há muita capacidade disponível".

Aposta

Já a Qualcomm tem apostado nas ondas milimétricas e acredita que a oferta da banda larga fixa sem fio (FWA) através do espectro tem grande potencial, em especial no mercado brasileiro.

Presidente da fornecedora na América Latina, Luiz Tonisi afirmou, em conversa com jornalistas, que o recurso pode ser o novo "carro-chefe da expansão da banda larga no País" , democratizando acesso ao serviço para o universo de lares não atendidos ou inviáveis para a fibra óptica. Para tal, a empresa tem inclusive parceria com a Intelbras, com a fabricante brasileira produzindo nacionalmente CPEs para 5G FWA a partir da plataforma da Qualcomm. O produto chega ao mercado neste segundo semestre.

"As ondas milimétricas trarão grandes benefícios para as cidades", completou o CEO global da Qualcomm, Cristiano Amon, em mensagem por vídeo veiculada no evento desta terça-feira. Já o diretor comercial (CCO) da empresa globalmente, Jim Cathey, manifestou expectativa do Brasil se destacar como "um grande laboratório" para as ondas milimétricas, a partir da oferta de banda larga nos lares com opções limitadas do serviço.

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