Opportunity e Previ têm mesmo advogado em processo italiano

Ainda existem capítulos a serem elucidados na velha disputa entre fundos de pensão, grupo Opportunity e Telecom Italia, que supostamente se encerrou em 2008, quando foi selado o acordo entre os fundos e Daniel Dantas que permitiu a fusão entre Oi e Brasil Telecom. O ato mais recente dessa novela está, ao que tudo indica, sendo travado na Itália, onde o Tribunal de Milão investiga ações de espionagem supostamente praticadas por pessoas ligadas à tele italiana e que teriam tido como alvo empresas e pessoas no Brasil. Entre essas pessoas estariam executivos ligados aos fundos de pensão, à Brasil Telecom, outras empresas de telecomunicações atuantes no Brasil (como a Vivo e a Telmex) e o próprio Opportunity. A lista de ofendidos ("persone offese da esposti") é longa, e está disponível no site http://www.tribunale-milano.net/files/tabella_O.pdf .
O que surpreende nessa lista é o fato de que Angelo Giarda, famoso jurista e advogado italiano contratado pelo Fundo Opportunity, também aparecer como representante ("difensore") do Fundo Previ. Mais do que isso, Giarda aparece ainda como advogado de Ricardo Knoepfelmacher, ex-presidente da Brasil Telecom, sócio do Angra Partners e que no documento da justiça italiana é qualificado como CEO do "Fondo Previ", posição que nunca ocupou. Ricardo Knoepfelmacher esclarece que provavelmente há alguma confusão por parte da Justiça Italiana, pois nunca deu nenhuma procuração e nunca foi presidente da Previ.
A listagem de ofendidos do tribunal milanês traz os nomes das pessoas que teriam sido alvos de ações do chamado "Caso Telecom". Na listagem aparece também o Angra Partners, gestor contratado pelos fundos de pensão para cuidar dos investimentos em telecomunicações. Mas não há nenhum advogado constituído para o Angra, assim como não há advogados indicado para a Vivo ou Telmex, que também aparecem na lista.

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Idas e vindas
A disputa entre fundos, Telecom Italia e Opportunity teve dois momentos distintos. Até o final de 2004, Telecom Italia e fundos de pensão, ambos sócios da Brasil Telecom, atuavam em confronto com o Opportunity e o Citibank. O grupo de Daniel Dantas tinha a gestão das empresas de telecomunicações com o aval do Citi. No final de 2004, o jogo virou e o Citibank deixou de dar respaldo a Daniel Dantas. Quando fundos e Citi finalmente se alinharam, no começo de 2005, Dantas ficou na berlinda, e celebrou às pressas um acordo com a Telecom Italia pelo qual venderia o controle da Brasil Telecom por 340 milhões de euros, montante que incluía 50 milhões de euros pagos a Dantas para por fim a disputas judiciais. A venda das ações não foi efetivada pois o controle, a essa altura, já pertencia aos fundos de pensão e ao Citibank. Mas ainda assim Daniel Dantas recebeu seus 50 milhões de euros da Telecom Italia.
A maior parte das operações de espionagem que comprometem a Telecom Italia, conforme o processo da Justiça de Milão, aconteceu após 2005, ou seja, após Dantas ter feito o acordo com os italianos.
Em junho de 2007, fundos de pensão e Citibank compraram a participação da Telecom Italia na Brasil Telecom por US$ 550 milhões. E no começo de 2008, encerrando a disputa, fundos e Citi também acertaram um armistício com Daniel Dantas, suspendendo as demandas judiciais de lado a lado e abrindo caminho para a fusão Oi/BrT sem maiores conflitos. O armistício rendeu a Dantas mais R$ 140 milhões e o fim de disputas como a de Nova York, onde o Citibank pedia uma indenização de pelo menos US$ 300 milhões. Por fim, na fusão da Brasil Telecom, Dantas levou mais cerca de US$ 1 bilhão pela sua posição na BrT, Oi e o acerto na Telemig Celular.
Na ocasião do acordo com Daniel Dantas, a Brasil Telecom (comandada pelos fundos sob a gestão do Angra Partner) esclareceu que não poderia suspender os processos administrativos da CVM e as investigações criminais que existiam contra Dantas, porque isso era juridicamente impossível, mas que não atuaria mais proativamente em nenhum dos casos. Não se sabe se como parte do acordo havia alguma previsão de que fundos de pensão ou o Angra Partners atuassem conjuntamente com o Opportunity na Justiça Italiana.

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