A Transit Telecom e a Unicel (aeiou) planejaram juntar forças para explorar a convergência fixo-móvel. A parceria foi por água abaixo, entretanto, quando a Unicel deixou de pagar um empréstimo de R$ 1,398 bilhão que fazia parte de uma linha de crédito de R$ 4 bilhões criada pela Transit para ajudá-la, o que ensejou posteriormente uma ação de falência contra a companhia.
Fonte ligada à Transit revela que o empréstimo foi concedido enquanto a empresa analisava toda a documentação da Unicel a fim de discutir posteriormente como a parceria seria alinhavada. A Transit estava disposta a "topar o desafio" mesmo ciente de todas as pendências financeiras que envolvem a Unicel. Por isso, decidiu conceder uma linha de crédito enquanto concluía a análise da documentação. As negociações entre Unicel e Transit eram, entretanto, maiores que uma simples parceira comercial. A Transit estava disposta a injetar dinheiro na Unicel em troca de uma participação na companhia. "A Unicel iniciou uma negociação societária com a Transit que não chegou ao final por não considerarmos a Transit um parceiro comercial confiável", ataca o presidente da Unicel, José Roberto Melo da Silva.
Falência
Uma advogada ouvida por este noticiário explica que o protesto é um dos fundamentos que podem gerar um pedido de falência. Então, uma vez que a Justiça determinou a suspensão dos efeitos desse protesto, o processo de falência perde o objeto que lhe deu origem. Nesse caso, vale frisar, a suspensão dos efeitos do protesto é provisória.
A Transit é apenas um dos credores da companhia. Este noticiário conseguiu a confirmação de mais um fornecedor que também não recebeu da Unicel a totalidade dos valores combinados. Inclusive chegou a correr um boato no mercado de que haveria um investidor estrangeiro interessado em adquirir a operadora, o que representaria uma possibilidade dos credores receberem. Este noticiário também recebeu um e-mail de um suposto funcionário da Unicel dizendo que a empresa não vem realizando os depósitos do FGTS e tampouco pagando os salários regularmente. O email do funcionário não era corporativo, de modo que não foi possível confirmar com o denunciante seus vínculos com a companhia.
"Calote generalizado"
O processo da Transit poderá ser julgado pela comarca de Brasília, porque a Unicel transferiu sua sede de São Paulo para a capital federal. Os advogados da Transit consideraram que a transferência foi uma manobra para dificultar a vida dos credores e aplicar um "calote generalizado". "Entre as providências iniciais (para o "calote generalizado"), daquelas que se encontram em manuais primários de organização societária para molestar terceiros, está a de alterar o endereço da sede societária para local distante das operações da sociedade", dizem eles no processo. A Unicel atua apenas na região metropolitana de São Paulo e sua sede ocupava um amplo espaço na Rua Fidalga, em São Paulo.
José Roberto Melo da Silva afirma que a mudança de endereço está alinhada com a estratégia de atuação nacional da companhia. "A Unicel está preparando o início de sua operação nacional. Ter sede em Brasília para uma operação nacional faz todo o sentido". Segundo José Roberto, a Unicel já fechou a ampliação do contrato com a Huawei para a cobertura de todo o interior de São Paulo.