Lula pede retorno de Queiroz

Em mais uma reviravolta em torno da Operação Satiagraha, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta quarta-feira, 16, que o delegado Protógenes Queiroz continue à frente das investigações até que conclua seu relatório sobre o caso. Lula concedeu uma entrevista à imprensa sobre a saída do delegado e reclamou das informações publicadas de que Queiroz teria sido afastado do cargo.
"Quem contou essa mentira de que eles foram pressionados, eu espero que amanhã ou depois de amanhã, desminta", afirmou o presidente. "Já falei com o ministro Tarso Genro para conversar com a Polícia Federal, porque eu acho que esse delegado tem que ficar no caso." Lula negou que o relatório da Satiagraha esteja concluído, ao contrário do que indicou o ministro da Justiça, Tarso Genro, nessa terça-feira, 15. Genro declarou que o relatório estava "99,9% pronto".
"Não está pronto. Falta terminar o relatório. O que ele (Queiroz) disse aos delegados é que ele só poderia fazer isso aos finais de semana", declarou o presidente. Lula baseia-se nas informações divulgados hoje pela Polícia Federal para declarar que o documento final sobre a Operação Satiagraha ainda não foi concluído.

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PF

Em nota oficial, a PF informou que, em reunião no dia 14 de julho, o delegado Protógenes Queiroz sugeriu aos seus superiores que continuasse a elaboração do relatório aos sábados e domingos, para que pudesse freqüentar o XXII Curso Superior de Polícia durante os dias úteis. "A sugestão não foi acatada pelos diretores já que traria prejuízo às pessoas convidadas a prestar esclarecimentos junto à investigação, comprometendo também a celeridade da apuração", informa a assessoria da Polícia Federal.
Ainda segundo a nota, Queiroz teria se comprometido a concluir o inquérito até o dia 18 de julho e que, após isso, não permaneceria nas investigações, que incluem outros dois inquéritos ainda em aberto. "Protógenes Queiroz acrescentou também o desejo de após concluir o Curso Superior não mais atuar junto aos outros dois inquéritos", declara a PF. Segundo o presidente Lula, este encontro foi gravado, com o conhecimento de todos os participantes. O áudio da conversa, no entanto, não foi divulgado pela PF.
Em matéria no Jornal Nacional, o jornalista César Tralli apresenta uma versão diferente sobre a reunião. De acordo com os delegados, o tom do encontro não foi amigável e a cúpula da Polícia Federal teria dito aos membros da investigação que eles estavam "emocionalmente envolvidos" em excesso com as averiguações. Por isso, teria sido tomada a "decisão irrevogável" de afastar os delegados da operação. Queiroz teria argumentado, ainda segundo a matéria, que gostaria de permanecer no caso.

Críticas

Lula criticou o que chamou de "insinuações" feitas por Queiroz de que o governo teria agido na sua saída da condução da Operação Satiagraha. "Esse cidadão (Queiroz) não pode, depois de fazer uma investigação de quase quatro anos, depois de apurar, depois de fazer todas as coisas que foram feitas no processo, na hora de finalizar o relatório, dizer 'eu vou embora fazer meu curso', deixar para outro, e ainda dar vazão a insinuações de que ele foi tirado", reclamou o presidente.
Para Lula, o delegado deve "moralmente" permanecer no cargo e cobrou que explicações públicas de Queiroz. "Moralmente, ele tem que ficar nesse processo até terminar o relatório. A não ser que ele diga publicamente que, de livre e espontânea vontade, ele não quer." O ministro Tarso Genro voltou a dizer que não houve intervenção do governo e que a decisão de saída foi tomada pelo próprio delegado.

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