O Consórcio Amazônia 5G, que adquiriu as frequências da Sercomtel para operar 5G nos estados do Norte do País e em São Paulo, aposta em um modelo completamente descentralizado de operação para implementar a operação móvel regionalizada nas regiões em que vai operar. Segundo Luiz Claudio Soares Pereira, CEO do Amazônia 5G, a estrutura societária prevê um modelo quase cooperativo, em que em cada região haverá um grupo de associados. "É um modelo que a gente já está muito acostumado para operar no Norte do País. Não tem como cada um fazer tudo por conta própria, por isso temos que somar os esforços", diz o executivo, em conversa com este noticiário. Ele evita falar sobre quem são os sócios, para evitar as pressões e reações dos competidores, mas garante estar montando uma rede bastante consistente de parceiros. "Somos uma SA, para preservar esses investidores, e as operações não terão apenas um controlador. Cada um terá o comando em sua área de atuação", diz ele.
Segundo Luiz Cláudio Soares Pereira, o negócio com a Sercomtel já está concluído e será agora avaliado pela Anatel. "É um primeiro passo, agora começamos o processo de montar a rede" , diz. A Huawei (equipamentos) e a Highline (torres e sites) são os primeiros parceiros selecionados. Haverá uma estrutura de core virtual, uma no Norte, outra em São Paulo, e cada parceiro monta a melhor estratégia em sua região. Na prática, reforça ele, será um modelo híbrido entre uma operadora de rede neutra móvel e uma MVNO. "É um modelo que não está previsto com precisão no modelo regulatório, mas que pode ser entendido como uma operação de rede virtual, mas com muito mais autonomia da MVNO na decisão e controle da rede, e com custos de uma cooperativa".
Para Luiz Cláudio, é fato que a construção de uma rede móvel de maneira isolada implica investimentos elevados, mas quando isso é diluído por vários operadores, a conta faz sentido. "Os ISPs locais precisam ter um produto móvel hoje. A competição com as grandes mostra isso. Sem acesso móvel, um provedor local não sobrevive no futuro. E ele pode usar a rede móvel para entregar a banda larga fixa, com FWA, substituindo o custo de poste, de manutenção da rede e com um custo de instalação que está cada vez mais próximo da fibra", diz. Outra vantagem, aposta o executivo, é que a rede de fibra para suportar a rede móvel está pronta. "Já temos o backbone e a rede metropolitana em todas as cidades que vamos entrar. Muito pouco terá que ser ampliado".
O CEO do consórcio Amazônia 5G diz que pretende entrar no futuro leilão de espectro para a faixa de 700 MHz, que ele considera essencial para assegurar cobertura, e eventualmente em outras frequências, como 2,3 GHz. Sobre o fato de ainda não estar com operações em funcionamento, apesar de o primeiro acordo de parceria com a Sercomtel ter ocorrido há um ano, ele explica que houve trocas de comando na parceira e outras indefinições que atrasaram o projeto, mas que agora, com o controle das frequências, o grupo já está pronto para iniciar rapidamente a implementação da rede. A propósito, o nome do consórcio deve ser outro em São Paulo, mas isso ainda está em fase de definição.
Evento
Luiz Cláudio Pereira participa do TELETIME 5G, que acontece no próximo dia 3 de junho em São Paulo. O evento discute as estratégias dos novos players do mercado de 5G, com participações da Brisanet, Unifique e iez! telecom, além dos planos e apostas dos grandes operadores nacionais. O evento ainda discute os futuros leilões de frequência e o modelo competitivo, com participação da Anatel, Inteligência Artificial aplicada ao 5G e as oportunidades do mercado de WiFi e soluções B2B para operadoras móveis. Mais informações pelo site www.teletime.com.br.