A Abert (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) voltou a defender pressa na definição sobre o padrão de TV digital no Brasil. Evandro Guimarães, diretor da associação e vice-presidente de relações institucionais da TV Globo, participou do seminário "TV Digital: Futuro e Cidadania", realizado nesta terça, 16, pela Câmara dos Deputados. Guimarães lembrou que o sistema de radiodifusão tem uma preocupação com a questão do capital das empresas que virão para explorar o mercado de comunicações no Brasil. "O setor de radiodifusão tem uma limitação, que achamos correta. Mas isso tem que ser respeitado por outras tecnologias também. Hoje existe uma concorrência desigual, e o único setor nacional que presta um serviço público gratuito é o único que não pode se digitalizar".
Guimarães também fez comentários em relação à questão da diversidade de programação. "Vou ficar apenas no exemplo de São Paulo. Existem na cidade 21 emissoras, 21 opções de escolha para a população. Independente da qualidade, as opções estão disponíveis. Se as pessoas optam pelas redes de maior audiência, é porque querem, essa escolha tem que ser delas", diz o executivo.
Marcelo Zuffo, professor da USP e pesquisador da área de TV digital, também considera que o modelo que prevalecerá no Brasil para a TV digital é o gratuito. "Os norte-americanos e europeus querem nos impor o mesmo modelo da TV paga. A situação brasileira é única. Além disso, não é verdade que existe uma única tecnologia na Europa. Pegue um receptor na Alemanha e tente fazer funcionar na França. Não vai funcionar", disse.
Fernando Bittencourt também não acha que o modelo de multiprogramação defendido por alguns setores como a melhor solução para o Brasil não é um caminho sintonizado com o resto do mundo. "Não existe hoje mais nada de novo que esteja sendo feito lá fora e que não seja em alta definição. Os radiodifusores brasileiros não podem ficar sem essa tecnologia. Multiprogramação pode ser uma alternativa de transição para alguns casos, mas o futuro é em alta definição".
Casamento
As empresas de telefonia móvel, que vieram ao debate da Câmara representadas pelo diretor geral da Acel (Associação das Empresas de Telefonia Celular), Emerson Costa, voltaram a falar de um modelo de TV digital móvel híbrido, que permita tanto os modelos gratuitos, defendidos pelas empresas de radiodifusão, quanto os modelos pagos, que as empresas móveis acreditam ser a solução para viabilizar a TV móvel. "Estamos propondo um modelo de parcerias que agregue produtores independentes, radiodifusores, operadores de telefonia e fabricantes de equipamentos", disse Emerson Costa. A divergência principal em relação aos radiodifusores é no que diz respeito ao padrão. As teles móveis preferem o DVB-H. "Não foi uma decisão unânime entre os nossos associados, mas concluímos que é o único que permite também um modelo pago, com acesso condicional e possibilidade de cobrança", diz o diretor da Acel.