Nokia Siemens quer ganhar mercado antes do HSDPA+ e LTE

Em tempos de alta demanda por dados e estrangulamento das redes de terceira geração (3G) no Brasil, é natural considerar a migração para HSDPA+ e Long Term Evolution (LTE ou 4G) como os próximos e respectivos passos do caminho evolutivo dessas infraestruturas. No entanto, a Nokia Siemens Networks (NSN) está enxergando uma oportunidade de novos negócios em uma etapa anterior, que deve merecer a atenção de todas as operadoras antes de qualquer investimento em novas tecnologias: o aumento da eficiência operacional (Opex) e a melhoria da qualidade de transmissão das redes de voz (2G) e dados (3G) existentes. O assunto é tão estratégico que está na pauta da "reunião de board" que a companhia realiza pela primeira vez no Brasil, segundo revelou, com exclusividade a este noticiário, o head de Network Systems da NSN, Marc Rouanne. "Tão importante quanto a disponibilidade de espectro é a eficiência das tecnologias para aproveitar esse espectro", explica o executivo. A busca pela eficiência espectral ganha ainda mais relevância estratégica, segundo ele, em países com grande população, alta demanda por dados e baixa receita média por usuário (ARPU), como o Brasil e a Índia. "Nesses países, não adianta simplesmente dar mais acesso. As pessoas precisam de acesso, mas não vão pagar mais por ele. Neste caso, é preciso baixar o custo por bit", acrescenta.
A solução, de acordo com o executivo, passa por plataformas que reduzem o tráfego que não gera receita, como a sinalização entre dispositivos e rede, backhaul microondas de alta capacidade e transmissão de voz via rede HSDPA, com sistemas avançados de empacotamento que permitem uma redução de duas a três vezes do tráfego e um aumento de duas a três vezes da vida útil das baterias dos celulares. "Solução que garantam qualidade e eficiência da transmissão de voz e dados representam boas oportunidades de negócios para nós", diz.
2G firme e forte

Notícias relacionadas
O head de vendas de sistemas de redes para a América Latina, Emilio Brambilla, acrescenta que, apesar do 3G ser atualmente a grande vedete do mercado, operadoras como Vivo e TIM ainda investirão bastante nas redes 2G em 2010. "A penetração do 3G está abaixo dos 10% na América Latina, 90% ainda é 2G. E a receita que advém dos serviços de voz também é a predominante. A TIM e a Vivo estão nessa corrida para melhorar a qualidade, a cobertura e a eficiência dos serviços de voz, até para sobrar mais banda para o 3G", diz.
Vale ressaltar que a maior presença da NSN no Brasil e América Latina está no 2G, serviço no qual, segundo Brambilla, a companhia detém, respectivamente, 50% e 47% da base instalada. "No 3G estamos um pouco atrás, dividindo o mercado com Ericsson e Huawei", informa. O executivo, no entanto, vê nas soluções inovadoras da companhia, que viabilizam maior eficiência operacional da rede e redução do custo por bit, a estratégia para a NSN recuperar o terreno perdido na banda larga móvel, principalmente para a asiática Huawei. "O negócio agora é melhorar qualidade de serviço e baixar o custo operacional, não vamos esperar o LTE para ganhar mercado", finaliza.
Pulando etapas
Seguindo essa estratégia, Marc Rouanne criticou a decisão da AT&T, que decidiu migrar sua rede nos Estados Unidos para o LTE, pulando a evolução natural da tecnologia, ou seja, o HSDPA+. "Este é um investimento que não precisava ser feito agora. Não é preciso ir para o LTE para melhorar a perfomance da rede. A AT&T alega que o HSDPA+ não dará conta da demanda de dados. Na verdade, a rede dela que não é eficiente", criticou.
Brasil
Até o dia 19 de março, a alta cúpula da Nokia Siemens estará reunida em São Paulo para discutir os caminhos que a empresa deve seguir no Brasil, eleito um dos seis principais mercados da companhia, ao lado de Rússia, Índia, China, Japão e Estados Unidos. É a primeira vez que o encontro acontece no país e será realizado, trimestralmente, nos outros cinco países. Os executivos também farão reuniões com clientes em São Paulo, Rio de Janeiro e se encontrarão com representantes do governo, em Brasília. "Há dez anos, a Europa era o centro, você produzia tudo lá e exportava para o resto do mundo. Hoje temos de entender as realidades locais, principalmente do Brasil e Índia, que a meu ver vão pautar as estratégias de inovação da companhia, por seus mercados desafiadores e de grande potencial de crescimento ", finaliza Emilio Brambilla.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!