A Ericsson voltou a ter problemas relacionados a suspeitas de corrupção levantadas após investigações internas. Desta vez se trata de uma questão ainda mais delicada na subsidiária no Iraque: além da má conduta de "funcionários, vendedores e fornecedores", o uso de intermediários e rotas alternativas que eram controladas por organizações terroristas como o Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês) para evitar a alfândega iraquiana.
A investigação interna foi conduzida ainda em 2019, mas a companhia divulgou apenas nesta quarta-feira, 16, um posicionamento mais detalhado a respeito após questionamentos na imprensa internacional, incluindo na Suécia. A fornecedora diz estar comprometida com transparência e que entende que a apuração inicial pode não ter conseguido levantar todos os fatos e, por isso, voltou ao tema agora.
Principal questão levantada pela imprensa, a relação com o ISIS é a mais delicada. De acordo com a Ericsson, apesar de terem sido identificados os pagamentos para intermediários utilizarem rotas alternativas controladas, na época, pela organização terrorista, a investigação não conseguiu determinar quem foram os destinatários finais desses pagamentos. Também foram achados esquemas e transações que "potencialmente criaram o risco de lavagem de dinheiro".
Como parte da investigação, a companhia encontrou ainda evidências de corrupção, como doações monetárias "sem um beneficiário claro", pagamento a fornecedores sem documentação ou embasamento, gastos inapropriados etc. Também encontrou violações de controles internos financeiros, como conflito de interesse, violação de leis fiscais e tentativa de obstrução às investigações.
Medidas
Segundo a Ericsson, nenhum funcionário esteve envolvido diretamente no financiamento de organizações terroristas. Contudo, vários empregados foram demitidos, enquanto "múltiplas outras ações e remédios foram tomados", incluindo a redução de gargalos em processos internos na região e a incorporação das "lições tiradas na investigação" ao programa de ética e compliance da companhia.
Outra medida tomada foi o encerramento de vários contratos com terceiros. A empresa sueca passou então a priorizar o negócio local, com melhorias em treinamento, nas atividades de conscientização, políticas e procedimentos internos, e processos de gestão de terceirizados. "A Ericsson continua a trabalhar com um conselho externo para revisar as descobertas e remédios resultantes da investigação de 2019 para identificar quaisquer medidas adicionais que a companhia poderia tomar", diz a fornecedora em comunicado.