RIM e Alcatel Lucent: para gerir tráfego de dados, operadores precisam repensar modelos

Na edição de 2010 do Mobile World Congress, que acontece esta semana em Barcelona, a questão da capacidade das redes para suprir o volume de tráfego de dados que está sendo criado pelas novas aplicações e sistemas operacionais tem sido o pano de fundo de todos os debates. Os recentes lançamentos de sistemas operacionais, como o Windows Phone 7 ou a plataforma Bada, da Samsung, apontam para um novo ofensor das redes que não estava sendo considerado até então, mesmo em sistemas operacionais como os do iPhone, cujos aplicativos estimulam enormemente o consumo de dados no celular. As novas plataformas da Samsung e da Microsoft só atingem o pleno potencial se estiverem permanentemente conectadas, asseguranto a troca de informações constantes e em tempo real com a Internet. Nos dois casos, por exemplo, os contatos da agenda podem estar diretamente sincronizados com redes sociais. O problema dos operadores é que, de um lado, as redes podem não estar preparadas para esse volume de informações sendo permanentemente recebidas e enviadas pelos celulares. De outro lado, os planos de dados e os valores cobrados dos usuários tampouco são economicamente atraentes para estimular a adoção destas tecnologias, sobretudo em roaming.
Na palestra de abertura do evento, nenhum dos participantes arriscou dizer, diretamente, que os preços cobrados dos usuários estão altos, até porque, do ponto de vista financeiro, o crescimento do consumo de dados tem significado um negócio complicado para os operadores, pois os investimentos necessários para dar conta das pressões sobre a rede excedem aquilo que é recuperado com as tarifas de dados. O CEO da Alcatel Lucent abordou de maneira política o assunto, durante sua palestra na sessão de abertura do evento. Para Ben Verwaayen, é necessário "construir uma nova cadeia de valor que seja aberta mas que apresente modelos de negócios viáveis". Ele lembra que a questão da banda larga é tão crítica que é um dos poucos casos em que os governos estão tomando ações de estabelecer políticas públicas muito antes de os usuários demandarem isso. "Se você perguntar para o consumidor se ele está satisfeito com o serviço que ele tem hoje, muito provavelmente ele dirá que sim", disse, lembrando que não há retorno para os operadores se a oferta se der em outras condições.
O presidente da RIM, Mike Lazaridis, preferiu fazer uma apresentação baseada em eficiência da rede, o que a fabricante reputa ser seu principal diferencial. "Temos que trabalhar formas de dar ao usuário os serviços que ele busca sem que isso estrangule a rede das operadoras", disse.

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A RIM, a exemplo do que promete a Microsoft e a Samsung, também está buscando uma abordagem diferente nos aplicativos, integrando diferentes funções em um mesmo ambiente. Por exemplo, as aplicações nativas dos celulares Blackberry para gerenciar contatos e fotos passam a se integrar com redes sociais. "Nos modelos atuais, falta espectro para dar conta do tráfego gerado e as operadoras têm pouco ou nenhum incentivo para investir", disse Lazaridis. A RIM também anunciou que tornará gratuita uma versão simplificada do Blackberry Enterprise Server, plataforma do Blackberry para empresas. A ideia é expandir o uso do sistema da Blackberry sem comprometer as funcionalidades do sistema operacional.

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