Conexão para cidades digitais pode chegar por satélite

Para ter cidades digitais, é preciso uma infraestrutura de telecomunicações que consiga não apenas lidar com a capacidade para o tráfego, mas também gerenciar os dados. Em debate durante o 5º Fórum de Inovação França-Brasil, realizado pela Câmara de Comércio França – Brasil em São Paulo, executivos da área de telecomunicações encontraram esse denominador comum.

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Uma das possibilidades de suprir a demanda é com o satélite, utilizando a banda Ka. De acordo com o responsável pela área comercial da operadora satelital Eutelsat, Eloi Stivalletti, trata-se de uma solução mais viável atualmente. A empresa lançará no início de 2016 o Eutelsat 65 West que, como o nome diz, vai operar na posição orbital 65°W, adquirida em leilão em 2011 por R$ 14 milhões e homologada em junho deste ano. "É uma posição estratégica porque está bem acima do Brasil e cobre bem toda a América Latina", pontua. Segundo ele, o artefato já está sendo construído.

O satélite terá 24 feixes em banda Ka, sendo 16 sobre o Brasil, cobrindo quase todo o litoral e, por consequência, todas as capitais do Sul e Sudeste e a maioria do Nordeste, além de uma área do Centro-Oeste. Desta forma, Stivalletti espera poder fornecer serviços para clientes não atendidos pela infraestrutura tradicional. "O foco principal, claro, é o serviço de banda larga para o mercado consumer, para prefeituras e pequenas empresas, para que possam compartilhar (a banda larga)", diz.

Cada feixe tem cobertura de 400 km de diâmetro. E em função da potência focada, as antenas receptoras possam ser de tamanho reduzido. "Como os feixes são pequenos, a capacidade varia, mas pode chegar a 1 Gbps para cada feixe. É comercialmente interessante porque nunca vai chegar ao nível de utilização em área com pouca densidade demográfica." O sinal pode ser recebido diretamente nos equipamentos ou por meio de pontos de acesso compartilhados por outras tecnologias, como Wi-Fi e até mesmo WiMAX.

M2M

Além da conectividade, outro ponto importante para as cidades digitais está no gerenciamento das informações. O diretor do centro de inovação da Telefônica Digital, Pablo Larrieux, explica que o ponto é levar inteligência ao conceito de Internet das coisas (IoE, na sigla em inglês). Segundo ele, é possível não apenas reduzir custos, mas, "eventualmente, gerar aumento da receita nas cidades" com a utilização correta das tecnologias. Naturalmente, a operadora conta com uma plataforma de gerenciamento de dados de conexões máquina-a-máquina (M2M).

A aposta pode ser aplicada no mercado brasileiro. A Telefónica na Espanha conta com um projeto de cidade digital no município de Santander, em consórcio com mais 15 organizações, entre as quais a Alcatel-Lucent e Ericsson. Nesse piloto há iniciativas de uso de conexões M2M em estacionamento inteligente, pagamento por proximidade de campo (NFC), iluminação urbana inteligente, sistemas de transporte, monitoramento de tráfego, abastecimento de água inteligente e gerenciamento de coleta de lixo. Larrieux diz que, apesar das barreiras regulatórias do Brasil com as conexões M2M (como o pagamento do Fistel), é possível que haja algum projeto do tipo. "De concreto, não há projeto para o País. Mas nada impede, havendo o interesse".

Larrieux acredita que, dentre os projetos de smart cities no Brasil, o que sairá primeiro são as redes de distribuição inteligentes das utilities. "O tema que a gente acha que vai sair antes é a parte de smart grids, porque nosso sistema elétrico hoje tem muita perna, então o business case é muito fácil, consegue-se reduzir em 20% (os custos), então conseguimos investimentos fácil". O segundo ponto, diz ele, é o de aplicações em saúde, como telemedicina. "São os dois temas que mais encontramos ecos na esfera pública", declara.

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