Um impacto na margem de lucratividade da Brisanet por conta do ingresso da operadora no mercado móvel deve ser compensado pela postura "competitiva" na banda larga, aponta a operadora.
A análise também consta em um relatório do banco suíço UBS sobre o balanço da empresa cearense, publicado na última quarta. A margem Ebitda da empresa ficou em 42% na janela até junho, com um recuo acentuado no segundo tri (-7,4 pontos percentuais em um ano), embora estável no semestre (-0,2 p.p.).
"Nós montamos uma operação móvel sem receita. Por isso, vejo como bem positivo um (margem) Ebitda de 42%. Não tem nenhum risco na nossa operação, porque a banda larga fixa está muito bem estruturada, é muito competitiva, tem um ticket médio saudável. Com a concorrência lá embaixo e a Brisanet se sobressaindo, a rede estruturada trouxe qualidade e garantia futura para a companhia", apontou o CEO da Brisanet, Roberto Nogueira, em conferência nesta quinta, 15.
Algo similar foi apontado pelo UBS. Segundo o banco, a margem Ebitda da Brisanet no segundo semestre de 2024 deve ser similar à registrada na primeira metade do ano. Isso se deve por dois fatores principais: um avanço dos canais de vendas da empresa em mais cidades, o que ainda não ocorre de forma acelerada, e a evolução da operadora para um modelo de banda larga e rede móvel.
Por enquanto, o cenário relatado por Nogueira é que a operação móvel tem enfrentado desafios. Ele afirma que a operadora dividiu em três grandes etapas o desenvolvimento da sua rede móvel: a construção do core de rede (a infraestrutura e ativação do rádio), a cobertura 100% de cada cidade e a plataforma de software para controlar os canais de venda – onde ainda é preciso avançar.
"Dessas três, as que ficaram muito maduras logo cedo foram o core de rede e a esteira de construção. Hoje, a Brisanet está construindo de forma muito acelerada, com domínio próprio, tudo internalizado, do projeto de torre à ativação dos testes. Já a plataforma [de vendas] é sempre um dos maiores desafios. Nós passamos 25 anos na banda larga fixa, mas no mundo móvel o desafio é muito maior", reconhece o executivo. Por enquanto, a maioria das vendas da empresa no segmento ainda são porta a porta.
Banda larga competitiva
Dessa forma, pesa na boa avaliação da UBS a operação de banda larga, considerada "competitiva" e "sustentável". "Acreditamos que este seja um caminho para a recomposição das margens a partir de 2025, mitigando nossas preocupações iniciais", afirma o banco.
Sobre a competição na banda larga, o relatório da firma observa que a Brisanet lidera em adições líquidas nas regiões onde atua, superando as operadoras grandes cidades onde há uma sobreposição com a empresa, mesmo com preços similares.
Já em cidades menores, as operadoras optaram por uma estratégia agressiva, com preços mais baixos (R$ 49 por um pacote com streaming). Mas a Brisanet não tem a intenção de elevar o seu ticket médio, hoje na casa dos R$ 90.