Etapa da limpeza do espectro de 3,5 GHz para ativação de serviços 5G, a migração do sinal de TV aberta por satélite da banda C para a banda Ku já alcançou 61 canais, afirmou Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) nesta segunda-feira, 15.
Até agora, todos os canais migrados estão no satélite StarOne D2 da Embratel, explicou o presidente da Abert, Flávio Lara Resende, durante evento virtual realizado pela Momento Editorial. Na ocasião, o dirigente lembrou que radiodifusoras também pretendem levar os sinais para um satélite da Sky, em processo que ainda não ocorreu porque a operadora “ainda está se equipando”.
“Sabíamos que haveria essa demora e espero que isso se resolva de maneira bastante rápida”, afirmou Lara Resende – lembrando que levar canais para a Sky será uma escolha de cada grupo da radiodifusão. Para efeitos de política pública, o satélite da Embratel foi o único escolhido pelo Gaispi (grupo que gere os compromissos da faixa de 3,5 GHz).
A Abert também notou que o número de canais migrados para a banda Ku vai aumentar rapidamente assim que o processo de limpeza do 3,5 GHz (atrelado ao calendário 5G) chegar ao interior dos estados. Com a liberação de três novas capitais (Salvador, Curitiba e Goiânia) nesta terça-feira, 16, a limpeza do 3,5 GHz estará concluída em oito capitais.
Durante 18 meses, entretanto, haverá dupla iluminação dos sinais tanto na banda C e quanto na banda Ku. O processo pode ser prorrogado, mas precisa ser completo até dezembro de 2025.
Kits
A migração dos canais tem sido acompanhada pela distribuição gratuita de kits com novas parabólicas de banda Ku para inscritos em programas federais do governo federal (CadÚnico). As atividades são coordenadas pela EAF, sob a marca Siga Antenado.
A Anatel já sinalizou que a demanda por kits tem sido menor do que o esperado, mas o CEO da EAF, Leandro Guerra, apontou que as capitais respondem por apenas 2% da entrega total projetada na política pública (cerca de 250 mil kits). Um dos motivos é a digitalização mais avançada da TV nestas cidades.
“Depois vamos expandir para interior onde [a entrega] vai ganhar corpo. Tenho convicção de demanda muito próximo do que era esperado”, afirmou Guerra. Em São Paulo, o procedimento foi pleiteado por cerca de 300 famílias até a semana passada, ao passo que em João Pessoa, apenas quatro pedidos haviam ocorrido.
Após a ativação do 5G em cada cidade, a distribuição gratuita para inscritos no CadÚnico ocorrerá por 90 dias. Nas capitais onde o processo já está em curso, a própria radiodifusão tem ajudado na divulgação das retiradas, inclusive com inserções publicitárias da Siga Antenado no horário nobre de televisão.
Encerrado o prazo das entregas gratuitas, cada usuário deverá trocar o equipamento com recursos próprios, assim como deve fazer o usuário de parabólica que não é beneficiário de programas sociais do governo. Segundo Lara Resende, da Abert, foi constatado junto a fabricantes um aquecimento na busca por kits com novas parabólicas ao longo das últimas três semanas.
FSS
Entretanto, a etapa da limpeza do 3,5 GHz que motivou um prazo de mais de 60 dias para liberação da faixa em 15 capitais é a proteção contra interferências do 5G nas estações de satélite profissionais (FSS), usadas pela radiodifusão para transmissão de sinais.
“Há alguma dificuldade por conta da linha de produção comprometida na Ásia”, reiterou Guerra. Hoje, a EAF precisa de 400 filtros para instalação nas estações de satélite e enfrenta desafios logísticos. A chegada do processo às ruas também revelou que muitas estações FSS necessitam de mais de um filtro, enquanto o cadastramento de novas unidades apontou para uma demanda ampliada.
Ainda assim, o processo tem sido classificado como exitoso pela Abert e a EAF, que minimizou o prazo adicional de 60 dias para limpeza do 3,5 GHz concedido na semana passada. “Não é atraso da EAF, mas um processo bem executado e de forma muito responsável”, afirmou Guerra.
