Há risco de bolha no mercado de satélites LEO, avalia consultoria NSR

Uma das maiores apostas no mercado de satélites agora é o de constelações de órbitas baixas (LEO) ou média (MEO), e cada operadora utiliza uma estratégia diferente – não apenas na frente da infraestrutura, mas também comercial. Por outro lado, com o grande volume de novos projetos, há um risco de se criar uma bolha em decorrência das incertezas no retorno, conforme avalia a consultoria de pesquisa de mercado Nothern Sky Research (NSR). Isso porque o financiamento não está assegurado para todos os players, apesar da presença de empresas fortes, e os modelos de negócio sobre os quais estas constelações pretendem atuar também ainda é incerto.

"Mesmo com satélites lançados, haverá muito risco e desafios para monetizar os investimentos. A necessidade de substituir satélites [por conta da vida útil reduzida] tem um custo grande", analisa o consultor da NSR, Lluc Palerm. Ou seja: o retorno de receita ainda não é garantido. "Vemos oportunidades, mas tem o desafio de ver um modelo de negócios para isso."

Há quem aposte mesmo assim. "A saída para o satélite é se integrar, deixar de ser tecnologia de nicho e passar a ser transparente, integrada ao ecossistema de telecomunicações", ressalta o diretor geral da Telesat, Mauro Wajnberg, fazendo coro com Márcio Brasil, da Intelsat. A estratégia para isso é investir na maior integração com os satélites de órbita baixa. "No caso específico da Telesat, a gente acredita que o futuro é o LEO. Temos um estudo, com uma shortlist de dois fornecedores para construir a rede no ano que vem", conta. Ainda assim, a companhia mantém os planos para satélites GEO, com um novo satélite sendo lançado em breve.

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"É importante, estarmos atentos às modificações no ecossistema e estamos estudando o assunto", declara o diretor geral da Embratel/StarOne, Lincoln Oliveira. Para ele, não está claro ainda se haverá substituição dos satélites GEO pelos LEO, ou se haverá adequação por aplicação. "O futuro é o convívio com outros meios de telecom, tudo isso faz parte de uma equação que não é trivial de responder."

A Hispamar destaca um recente investimento estratégico em constelação LEO, com 80 a 100 satélites em rede mesh e com foco em B2B, além do acordo com a Gilat para entregar banda larga ao consumidor. A estratégia da companhia é realizar parcerias com provedores regionais para entregar o serviço. O chairman da operadora, Clóvis Baptista, cita também um acordo com um parceiro israelense para uma solução em Internet das Coisas. "Baseia-se em um terminal autoinstalável com antena eletrônica, é como se fosse um 'reuterzinho', e isso possibilita soluções com baixo custo para voz e dados de baixa capacidade", afirma. A ideia é atender a mercados de agronegócio e cidades inteligentes com o produto de IoT no Brasil.

Por sua vez, a operadora SES, primeira a apostar em uma constelação MEO com a O3b, também tem planos com satélites geoestacionários. Seu último artefato, o SES-14, foi lançado no começo do ano e entrará em operação no final do mês, segundo o vice-presidente para a América Latina da companhia, Jurandir Pitsch. Ele ressalta, porém, que a empresa trabalha também com a ampliação da capacidade da sua rede de média órbita, onde já atua há sete anos. Para o diretor geral da Eutelsat, Rodrigo Campos, o caminho é por satélites HTS como o recém-lançado de 500 Gbps de capacidade para cobrir a Europa. A companhia realizará em 2019 um experimento em LEO focado em IoT, mas ele lembra que a banda Ku já é usada para esse mercado. "Nossa estratégia hoje é bem clara, mas nada impede que no futuro próximo a gente possa reavaliar a situação."

O gerente de vendas da Intelsat, Márcio Brasil, lembra que há o desafio da conectividade terrestre. "Não adianta lançar várias constelações e ter grave problema de acessar o satélite", contemporiza. Por isso, há a necessidade de resolver a questão antes de contar com uma constelação grande de satélites LEO operando. A companhia acredita que os artefatos em baixa órbita poderão ter aplicação para acesso de tráfego mais alto. "A Intelsat sabe que isso é crucial, sem essa parte terrestre não vai ter capacidade para atender a essa demanda", conclui.

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