Telebras quer manter atuação em transmissão de sinais para TVs

A Telebras tem o que comemorar depois da Copa do Mundo. Contratada para prover o serviço mais crítico de comunicação a partir dos estádios, que é o transporte dos sinais de TV que abastecem todas as emissoras do mundo, a estatal informou nesta terça, 15, ter conseguido cumprir sua missão com um nível de confiabilidade de 100%, ou seja, sem nenhuma falha, segundo o presidente da Telebras, Francisco Ziober Filho. Esse foi o embrião de um novo modelo de negócios que a Telebras pretende oferecer agora às emissoras e estádios brasileiros.

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O contrato previa confiabilidade de 99,99% nas transmissões, o que representa uma falha de dois segundos por jogo, o que não aconteceu. Foi a primeira vez que uma Copa do Mundo foi realizada com a totalidade das transmissões dos estádios sendo transportadas por fibra ótica. Adicione-se a isso a complexidade das 12 sedes, incluindo cidades afastadas das rotas tradicionais, como Manaus e Cuiabá.

A logística da operação era a seguinte: as imagens captadas pela empresa contratada pela FIFA (a HBS) eram pré-editadas no estádio, enviadas por fibra ao centro de imagens (IBC) no Rio de Janeiro, depois devolvidas ao estádio por fibra para abastecer os telões ou distribuídas para as emissoras detentoras dos direitos (algumas, inclusive, contrataram esse serviço diretamente da Telebras). Todo esse fluxo entre estádios e IBC era parte das obrigações do governo, que, por sua vez, contratou a Telebras para prestar o serviço.

166 TB

Foram ao todo 166 TB de dados trafegados na forma de imagens e informações estatísticas. Cada estádio tinha dois links redundantes de 30 Gbps cada, sendo 10 Gbps dedicados às 38 câmeras da FIFA, 10 Gbps dedicados às imagens das câmeras exclusivas (todas alugadas às emissoras pela FIFA) e 10 Gbps para as informações e imagens de propósito estatístico e complementares.

Houve, em alguns estádios, geração de imagens em ultra alta definição em 4k e em 8k (nesse caso, a pedido de uma emissora japonesa), e todos os jogos tinham sinal aberto quatro horas antes e quatro horas depois das partidas. Em alguns casos, a transmissão foi ininterrupta. Ao todo, a Telebras transportou 517 horas de imagens.

Foram usadas nas infraestruturas 15,2 mil km de fibras, de um total de 19 mil km que a Telebras tem no Brasil. Desse total, cerca de 700 km foram derivações da rede feitas exclusivamente para  os estádios, mas procurando passar por regiões em que pudesse haver aproveitamento posterior, explica o diretor de engenharia, Paulo Kapp.

Segundo Kapp, houve alguns incidentes de vandalismo sobre a rede, mas pontuais, sobretudo no Rio de Janeiro, e todos sem implicações para as transmissões, já que havia a redundância. "Temos que destacar o trabalho integrado com os órgãos de Defesa. Eles tinham o mapeamento da nossa rede e fizeram a segurança de todos os pontos críticos. Foi um trabalho extremamente profissional e bem coordenado por parte  das Forças Armadas". A Telebras também foi contratada pela Defesa para levar os sinais dos circuitos de TV dos estádios para os centros de operação.

Novos negócios

A ideia da estatal agora é usar o know-how e a estrutura montada como parte de uma nova linha de negócios. O primeiro passo é negociar com os estádios a manutenção dos equipamentos instalados dentro das arenas. Já existem conversas nesse sentido, mas os contratos não estão fechados. "São 12 arenas, e já temos conversas evoluídas com cerca de quatro", explica Ziober. Uma vez assegurados estes contratos, a Telebras quer procurar as emissoras de TV e promotores de evento para oferecer os serviços de transmissão por fibra. "Vamos conversar assim que tivermos o modelo de negócio pronto".

A rede da Telebras para atendimento aos estádios gerou a necessidade de R$ 89 milhões em investimentos. Mas gerou dois contratos importantes: R$ 110milhões com o governo para a prestação dos serviços de transmissão  e R$ 14,9 milhões com a FIFA para transmissão a partir dos centros de treinamento. "Foi um evento lucrativo para nós. Ainda mais se considerarmos que abrimos uma nova possibilidade de negócio e a exposição que tivemos junto a potenciais clientes", diz o presidente da Telebras. O contrato do governo com a estatal se dá em bases comerciais, ou seja, não será aportado como investimento do acionista na empresa.

A Telebras destaca ainda que os equipamentos usados na construção da infraestrutura foram em grande parte de tecnologia nacional. "Desde os equipamentos DWDM para as transmissões até a parte IP, a maior parte veio de fornecedores nacionais", diz Paulo Kapp.

A mobilização da Telebras durante a fase de preparação para a Copa das Confederações e depois para o Mundial acabou tirando o foco da empresa em sua missão anterior, que era a ampliação e capilarização da rede, estimada para alcançar 28 mil km de fibras. "Temos uma equipe limitada, mas agora retomaremos com força total a expansão da infraestrutura para atender ao mercado de provedores", diz Ziober.

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