KPMG: covid-19 impulsiona Internet fixa e voz, mas pressiona TV por assinatura

Foto: Pixabay

O impacto da pandemia do novo coronavírus (covid-19) sobre a cadeia de telecom está trazendo um aumento significativo na demanda por Internet fixa e beneficiando também os serviços de voz, mas, por outro lado, pode gerar um reflexo negativo no segmento de TV por assinatura. Essas são algumas das conclusões da KPMG Brasil frente às tendências do momento no setor.

De acordo com o sócio-líder de telecomunicações da consultoria, Gustavo Massuia, o aumento significativo da demanda por banda larga é um dos fatores mais relevantes desde a eclosão da crise. Aliado à alta na transmissão de vídeos ao vivo e à mudança drástica nos padrões de mobilidade (com boa parte dos usuários concentrada nas residências), o cenário tem exigido uma nova abordagem da indústria.

"Quando falamos do Brasil, os impactos gerados se referem, principalmente, à manutenção do funcionamento das operações, uma vez que esse é um serviço considerado essencial e que não pode sofrer interrupções", afirmou Massuia. Segundo ele, o momento está fazendo que executivos de grandes operadoras repensem investimentos, uma vez que os efeitos da crise vão prejudicar os resultados das empresas, atingindo inclusive o Ebitda.

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TV por assinatura

A KPMG observou que, em todo o mundo, 15,76 milhões de novos assinantes ingressaram na base da Netflix durante os três primeiros meses do ano, em exemplo de movimento que gerará ainda mais tráfego sobre as redes. Segundo a consultoria, tal tendência de alta nos serviços de streaming também pode prejudicar o mercado de TV por assinatura, com possibilidade de aceleração nos cancelamentos do serviço.

"Um levantamento do eMarketer estima que as residências que possuem TV a cabo contratada caíram 6,5% em 2019", afirmou a KPMG. "Essa tendência pode aumentar à medida que mais consumidores experimentem aplicativos de streaming e reequilibrem os orçamentos devido ao aumento do desemprego, ou abandonem a TV por assinatura devido à perda de programação esportiva".

Vale notar que em abril (o primeiro mês "completo" com políticas de isolamento social no País), a base brasileira de TV por assinatura não sentiu tal impacto. O serviço voltou a perder assinantes, mas na menor queda registrada desde dezembro de 2018.

Por outro lado, a KPMG também observa o fôlego que os serviços de voz receberam durante o período de isolamento social. "No atual cenário, o tráfego de voz aumentou e os padrões também mudaram. Há um crescimento na utilização da telefonia fixa e, também, nos serviços de voz por Wi-Fi", afirmou a consultoria.

Pós-covid

Outra tendência identificada pela KPMG é possível aumento da inadimplência de serviços. Neste caso, a firma prevê "diminuição das receitas, restrição de caixa e revisão de dívida, que podem atingir, especialmente, os pequenos provedores".

Neste sentido, o sócio-líder em regulação para tecnologia, mídia e telecomunicações da consultoria, Marcelo Ribeiro, afirma que as operadoras devem começar a implementar ações imediatas para redução de custos desnecessários, tranquilização de clientes e funcionários e garantia da continuidade de negócios vislumbrando um cenário "pós-covid".

Do ponto de vista do cliente, ajustes nas políticas de preços, de renovação, de monitoramento da qualidade e em programas de retenção para minimização do churn são vistos como necessários, bem como uma transformação da relação do consumidor em canais digitais.

No aspecto financeiro, a KPMG recomenda a avaliação das oportunidades de financiamento da dívida, um monitoramento do capital de giro e a avaliação da economia de custos de curto prazo (por exemplo, gastos de marketing discricionários). Também é recomendada uma "revisitação dos planos de investimento de capital de rede à luz da mudança nos padrões de demanda e uso".

Ribeiro ainda aponta que o gerenciamento da pressão regulatória (como iniciativas de garantia da prestação de serviços) também deve ocorrer. Simultaneamente, as operadoras precisarim avaliar oportunidades que surgem com a "nova realidade", como medidas para clientes que devem entrar em home-office definitivo, além da da adaptação do conceito para as lojas de varejo, subsídios e modelos de distribuição.

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