A Nokia e a Alcatel-Lucent (ALU) anunciaram nesta quarta-feira, 15, a assinatura de um acordo por meio do qual a fabricante finlandesa de equipamentos de telecomunicações vai adquirir os ativos da fornecedora franco-americana, numa transação avaliada em 15,6 bilhões de euros e que será feita por meio de troca de ações. Previsto para ser concluído no primeiro semestre de 2016, após as aprovações regulatórias e outras condições de praxe, o negócio permitirá que a companhia resultante se torne mais competitiva na indústria de fornecedores de infraestrutura de telecom, competindo de frente com as atuais líderes Ericsson e Huawei.
Conforme os termos do acordo, os acionistas da Alcatel-Lucent receberão 0,55 ação da nova empresa — que se chamará Nokia Corporation — com base no preço atual da ação da Nokia, de 4,2 euros, o que representa um prêmio de 15% sobre o preço das ações em 9 de abril. Após a aceitação da totalidade da oferta pública de troca, a Nokia terá 66,5% da companhia e a Alcatel 33,5%. A sede da empresa será na Finlândia, mas ela manterá forte presença na França. Risto Siilasmaa será o chairman, enquanto o atual CEO da finlandesa, Rajeev Suri, ficará no comando da companhia resultante. A ALU terá ao menos três membros na mesa de diretores, um deles como vice-chairman, mas não há menção de manter o atual CEO da francesa, Michel Combes.
A nova empresa combinada terá receita de aproximadamente 26 bilhões de euros e cerca de 114 mil funcionários, sendo 40 mil apenas na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D), o que, segundo Suri, lhe dará capacidade de acelerar o desenvolvimento de tecnologias futuras, incluindo a 5G, redes definidas por software (SDN), computação em nuvem e big data/analytics. Em comunicado, as empresas informaram que a fusão deve proporcionar uma economia de 900 milhões de euros em custos operacionais até 2019.
Segundo Suri, a Nokia Corporation "pretende oferecer tecnologia e serviços de rede de próxima geração, com a possibilidade de criar uma conectividade perfeita para as pessoas onde quer que estejam". O executivo afirmou que, além de operações na Europa, a nova empresa terá forte presença em todas as partes do mundo. Michel Combes acredita que a empresa sairá fortalecida e com "escala crítica necessária" para os projetos da próxima geração de redes. "A escala global e o alcance da nova companhia vai reforçar sua presença nos Estados Unidos e China", disse o CEO da ALU em comunicado.
Brasil
No Brasil, a Nokia tem contratos de redes 3G e 4G da TIM (junto com Ericsson) em SP e no Centro-Oeste, atende sozinha a operadora no Norte e no Nordeste (exceto BA e SE). Ela também é fornecedora de redes 2G, 3G e 4G para a Claro e ganhou contrato para implantar 4G na tecnologia TD-LTE na Sky. A Alcatel-Lucent conseguiu uma pequena participação para implantação de redes 4G com acordo que fechou com a Oi e fornece smallcells para TIM e para a Telefônica/Vivo. No mercado de 2G, ambas têm contratos com a Oi. A ALU, entretanto, tem importante share no mercado de banda larga fixa com contratos com a Oi e a Telefônica/Vivo, tanto em rede de fibra quanto de cobre, com destaque para tecnologias xDSL. Ambas as fornecedoras têm contrato de upgrade de redes 2G com a Oi e para manutenção de redes fixas da operadora.
Here
Com o novo anúncio, a Nokia comunicou também nesta quarta-feira que começou a revisar "opções estratégicas, incluindo um potencial desinvestimento" de sua área de mapas e aplicativo de navegação, a Here. A companhia finlandesa afirma que acredita que este é o momento certo para efetuar essa provável venda da divisão com a nova proposta de negócios em conjunto com a francesa ALU. No entanto, ela afirma que a revisão estratégica está ainda em andamento e pode não acarretar em uma eventual transação.